Restos mortais de Jango são devolvidos a jazigo



Os restos mortais do ex-presidente João Goulart foram devolvidos ao jazigo da família na tarde desta sexta-feira (6) em São Borja (RS). A cerimônia, que contou com a presença de familiares de Jango, população e da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH/PR), foi marcada por grande comoção.

Diferente da cerimônia de exumação, que ocorreu no dia 13 de novembro, desta vez foi autorizada a entrada de populares no cemitério, que se juntaram à viúva de Goulart, Maria Thereza Goulart, os filhos, João Vicente e Denize Goulart, e os netos de Jango para dar mais um adeus e homenagear o ex-presidente.

A cerimônia terminou pouco antes das 17h00 e o túmulo foi lacrado por funcionários da prefeitura. A comoção também levou alguns a subirem sobre outros túmulos próximos ao do Jango para observar o sepultamento. As autoridades políticas presentes voltaram a entoar gritos de "Jango, Jango".

Saída de Brasília

O esquife com os restos mortais do ex-presidente João Goulart deixaram a base Aérea de Brasília por volta das 8h20, conduzido por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), acompanhado de familiares, além das equipes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e da Comissão Nacional da Verdade (CNV). O desembarque em São Borja ocorreu por volta das 12h51, de onde seguiu para a igreja matriz do município.

O corpo de Jango estava na capital federal desde o dia 14 de novembro, data da exumação no município gaúcho. Em Brasília, logo depois de receber as honras de Chefe de Estado, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, os restos mortais permaneceram no Instituto Nacional de Criminalística do Departamento da Polícia Federal (INC/DPF), onde foram coletadas as amostras para os exames toxicológicos, que serão enviados a laboratórios estrangeiros.

A ministra Maria do Rosário recordou que, com esse ato, o governo brasileiro consolida mais um compromisso assumido ao longo do processo. "Estamos cumprindo com a responsabilidade que assumimos com a família e com a comunidade de São Borja, do Rio Grande do Sul e do Brasil", afirmou.

Rosário também disse que o objetivo do governo brasileiro, representado pela SDH/PR e pela CNV, é que o país tenha conhecimento de todos os fatos que constituem a História. O processo de exumação, coleta de amostras e exames toxicológicos é parte do esforço para esclarecer as reais circunstâncias que levaram Jango à morte. "Vamos trabalhar o laudo como um todo, essa é a referência. A diretriz é que tanto o laudo antropológico, quanto o laudo antemorten, quanto o laudo posterior e toda a pesquisa de caráter toxicológico sejam apresentados em conjunto para o País", garantiu.

Em nome da família, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, comentou sobre a grande carga emocional do momento. "É difícil porque estamos enterrando um pai pela segunda vez e desenterrando uma luta de dignidade, de sofrimento pelo Brasil", desabafou. Ele ainda abordou o cumprimento do compromisso com a comunidade de São Borja e do significado histórico da exumação. "Estamos retornando os restos mortais dele para a sua cidade, para o seu povo. Sem dúvida, estamos fazendo o revisionismo da vida, da luta e das propostas do presidente Joao Goulart. O golpe de estado de 1964 não foi dado contra o presidente Jango, foi dado contra as reformas de base propostas pelo seu governo", disse João Vicente.

Líder sindical e amigo de Jango, Rafael Mandelli acompanha a comitiva. "[João Goulart] era um homem que se reunia com o movimento sindical como um irmão e sabia o que era necessário para fazer o Brasil crescer", declarou. 

Mais trabalhos de Memória e Verdade 

Na coletiva, a ministra Maria do Rosário abordou os esforços para esclarecer casos de mortos e desaparecidos políticos, como a Vala de Perus, Araçá e a Guerrilha do Araguaia. "Ao homenagearmos o presidente João Goulart, nós também precisamos dizer que estamos trabalhando em Perus, com as famílias dos mortos e desaparecidos. A Secretaria de Direitos Humanos constituiu um Grupo de Trabalho de Arqueologia e Antropologia Forense, estamos realizando o trabalho de diagnóstico da situação em Perus, na fronteira do Brasil e Paraguai e da questão do Araguaia", afirmou. O grupo está ligado à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).

Fonte:

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República



07/12/2013 14:31


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