Crivella pede sessão especial para homenagear a 'Folha de S. Paulo' e fala sobre tolerância
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) encaminhou nesta sexta-feira (18) requerimento para realização de sessão especial para homenagear o jornal Folha de S. Paulo pelos seus 90 anos. Ao contar de forma resumida a trajetória do jornal, o senador ressaltou o papel da Folha na redemocratização do Brasil.
Para o senador, é importante celebrar a longa existência de um órgão jornalístico, especialmente se forem lembrados os momentos históricos em que a liberdade de imprensa esteve sob ataque. Ele destacou o período da ditadura militar, em que o Congresso Nacional chegou a ser fechado. E mencionou as crises econômicas que dificultaram a sobrevivência de diversos veículos.
- A democracia depende, e muito, de uma imprensa independente. Por isso, temos de reconhecer a importância do papel assumido pela Folha de S. Paulo para a redemocratização do nosso país - afirmou Crivella, que detalhou a história da publicação.
A sessão especial, justificou o senador, não teria a finalidade apenas de homenagear os 90 anos da Folha de S. Paulo, mas também de celebrar a vitória de uma imprensa livre. Crivella disse que, por meio de conversa telefônica, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou seu apoio à sessão de homenagem à Folha, ao observar que, apesar das dificuldades enfrentadas no processo de evolução social, econômica e política, nestes 90 anos, a liberdade de imprensa foi uma bandeira dos brasileiros.
- Meus votos são de que o objetivo que sempre norteou os editores, no sentido de fornecer aos leitores a informação isenta e completa, seja perseguido sempre, com a seriedade e a competência já conhecidas e consagradas pelos brasileiros - disse Crivella.
Tolerância
Crivella também citou reportagem publicada pela Folha nesta sexta sobre o DNA do povo brasileiro. E falou contra o racismo e a discriminação racial. Ele observou que o povo brasileiro é formado pela miscigenação entre os povos europeu, indígenas e negros africanos, o que leva o país a caracterizar-se como uma nação tolerante e pacífica com as diferenças. Para ele, todo ser humano deve ser tratado com respeito, sem a necessidade de separação e apartheid.
O parlamentar narrou suas experiências como missionário na África do Sul, onde se deparou com a total separação entre brancos e negros, contra a qual procurou trabalhar.
Ele também comentou o desarquivamento do projeto de lei que torna crime, entre outras manifestações de intolerância, a discriminação de homossexuais (PLC 122/06). Crivella disse que os parlamentares e os brasileiros já possuem a índole de respeitar as diferenças, inclusive as de preferência sexual. E observou que a lei já pune quem ridiculariza ou comete violência contra as pessoas em razão das diferenças.
No entanto, Crivella argumentou contra a proposta - que ficou conhecida como Projeto da Homofobia -, que, na sua opinião, impediria padres e pastores de falar em suas congregações sobre o texto bíblico, que considera o homossexualismo um pecado.
- É preciso encontrar um caminho. É preciso encontrar um caminho porque os direitos terminam quando começam os outros. E não se pode censurar, vetar, ameaçar, constranger a pregação da Bíblia como ela é. Ora, nós podemos, com muitas lutas, aprovar uma emenda à Constituição. Mas nós não vamos conseguir fazer uma emenda à Bíblia - disse o senador, ressaltando que o caráter amoroso do texto bíblico.
Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) apoiou o discurso de Crivella e se disse estar preocupado com a segregação que pode gerar um "certo apartheid", criticando a segregação que, a seu ver, é criada em áreas de quilombolas e em reservas indígenas. O senador disse que muitos países invejam a miscigenação do povo brasileiro.
18/02/2011
Agência Senado
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