Crivella propõe integração econômica das Américas
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) defendeu um modelo de integração da América Latina, que futuramente seria estendido à América do Norte, calcado no que foi feito, inicialmente, no Mercado Comum Europeu, que promoveu uma efetiva integração econômica entre seus membros antes de partir para o livre comércio regional. Em discurso nesta segunda-feira (27), o senador disse que a integração econômica é um imperativo para o desenvolvimento da América Latina. Ele observou, no entanto, que não vê o livre comércio como um instrumento direto de integração, sobretudo nos estágios iniciais do processo.
- O livre comércio é o último passo a dar numa longa caminhada de integração econômica - disse o parlamentar.
Marcelo Crivella apresentou a proposta após participar de encontro, no último dia 11, em Bogotá, na Colômbia, com parlamentares - deputados e senadores - de 22 países, entre eles Canadá e Argentina.
Para alcançar esses objetivos, seria necessário, de acordo com Crivella, avanços para uma efetiva integração industrial entre os países. Do contrário, segundo o senador, a integração consistiria apenas em isenções tributárias de exportação e não no comércio de produtos diferenciados pela tecnologia e produtividade.
Na avaliação de Crivella, a rejeição da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) pelos países da América Latina é um indicativo de que o livre comércio aplicado a países com economias assimétricas apenas cristalizaria as diferenças de capacidade produtiva, tecnológicas e de renda.
Se o marco inicial da integração das Américas for o Mercosul, disse Crivella, as etapas que facilitariam o processo seriam a adoção de uma moeda contábil comum, seguindo-se um programa comum de especialização da indústria básica, sobretudo de energia e logística, assim como de macro-especialização industrial e privada, com o Brasil e Argentina como fornecedores de bens de capital e os demais países como supridores de bens de consumo e produtos primários.
- Haveria, naturalmente, alguma sobreposição, mas isso existiu também na Europa Ocidental, o que não impediu o avanço da integração econômica - observou.
Crivella sugeriu que os Estados Unidos e Canadá deveriam ter uma "visãogenerosa" em relação aos países em desenvolvimento e abrir unilateralmente seus mercados aos produtos e serviços dos países da América Latina.
O parlamentar salientou que a América Latina vive uma das mais graves crises da história, com índices de desemprego e subemprego sem precedentes, que redundam em crises sociais. Ele ressaltou que a incapacidade de os sistemas econômicos darem solução às demandas de progresso material dos povos poderia levar à instabilidade política na região.27/11/2006
Agência Senado
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