Cultura: Exposição no MIS revela doze anos de história de Lampião e seus cangaceiros



Mostra reúne 86 fotografias que ilustram etapas da trajetória desses bandidos do sertão nordestino, entre 1926 e 1938

O Museu da Imagem e do Som (MIS) reúne 86 imagens que ilustram as principais etapas da epopéia de Lampião e seu bando pelo sertão nordestino. A exposição fotográfica Cangaceiros se estenderá até o mês de março. Estarão na abertura do evento, no dia 29, a filha única de Lampião e Maria Bonita, Expedita Ferreira Nunes, e a socióloga Vera Ferreira Nunes, neta do casal. Além dos registros fotográficos, há mostra audiovisual com a exibição de filmes produzidos sobre o cangaço. A programação será divulgada no início da exposição. Esse material, de grande valor histórico, está reunido no livro Cangaceiros, da historiadora francesa Élise Jasmin, lançado no mês de agosto pela Editora Terceiro Nome. Élise é curadora da exposição, que tem a coordenação artística de Roland Laboye.

Parte das fotografias foi feita por Benjamin Abrahão, mascate libanês que ganhou a confiança de Lampião, em 1926, e tornou-se seu fotógrafo “oficial”. Além dos registros de Abrahão, há imagens de outros profissionais brasileiros, nem sempre identificados, embora amplamente publicados na imprensa. Emprestadas de diferentes colecionadores, as fotos ilustram etapas da trajetória desses cangaceiros que perambularam pelo sertão nordestino entre 1926 e 1938.

Cabeças expostas – São encontrados desde os primeiros retratos de Lampião à frente de seu bando até as imagens do grupo de repressão constituído pelo governo para seu aniquilamento. Há também impactantes fotografias de decapitação encomendadas pelos adversários do “rei do cangaço”. Em 1930, a produtora Abafilm proporcionou a Benjamim Abrahão condições básicas para que fizesse importantes registros fotográficos e o único filme existente sobre o bando. Lampião permitiu ser fotografado inúmeras vezes e chegou a distribuir essas imagens à população do sertão. Foi o primeiro cangaceiro a cuidar de sua imagem e aparência, utilizando meios de comunicação modernos, como a fotografia, e efeitos visuais para valorizar o modo de vida do cangaço.

Em 28 de julho de 1938, Lampião e vários de seus companheiros foram decapitados e tiveram suas cabeças exibidas, de cidade em cidade, como troféus. A mostra é promovida pelo MIS em parceria com o Instituto Cultural Chico Albuquerque. A reunião dessas fotos foi o resultado de iniciativa conjunta das famílias Ferreira Nunes e Abrahão, e da Abafilm, criada por Adhemar Bezerra Albuquerque e representada no projeto por seu neto, Ricardo Albuquerque. A exposição ficou em cartaz no sul da França entre os meses de junho e setembro do ano passado. Em novembro, a mesma mostra estará sendo exibida simultaneamente em Paris e no Brasil (MIS-SP).

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