Cultura: Exposição propõe nova concepção do acervo do Museu do Ipiranga



A partir do dia 24, a mostra Imagens Recriam a História alia recursos multimídia às obras de arte

O Museu do Ipiranga (Museu Paulista da Universidade de São Paulo) inaugura no dia 24 de janeiro a exposição Imagens Recriam a História, que tem a proposta de fornecer ao público novas óticas para a interpretação de obras do seu acervo.

A mostra, de longa duração (sem data para terminar), foi projetada a partir da reformulação das exposições localizadas na ala oeste do pavimento térreo, onde há salas ocupadas por telas históricas de grandes dimensões, como Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto, Partida da Monção, de Almeida Jr, Fundação da Cidade São Paulo e Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, ambas de Oscar Pereira da Silva, além de uma maquete de gesso representando a cidade de São Paulo.

De acordo com o curador, Paulo César Garcez Marins, o projeto é fruto de uma reflexão realizada desde 1989, por docentes das USP ligados ao Museu, sobre o papel da instituição. Ao ser contemplado no programa adoção de entidades culturais da Caixa Econômica Federal, em 2005, com prêmio de R$ 310 mil, foi possível colocar o projeto em prática.

A exposição Imagens Recriam a História, além das obras, dispõe de equipamentos multimídia, como terminais de computador, vídeos e observatórios, com textos, imagens e programas interativos, para promover a análise crítica do acervo do museu. O conteúdo foi dividido em quatro abordagens temáticas: a primeira trata da forma da pintura; a segunda ressalta os pintores e os seus processos de produção, a terceira,os eventos retratados; e a quarta, a propagação dessas imagens em livros didáticos e objetos de uso cotidiano, como selos, cédulas, cartões telefônicos, postais, porcelanas, talheres, chaveiros, álbum de figurinhas e brinquedos.

Marins explica que a principal intenção da iniciativa é mudar a idéia de que as pinturas de gênero histórico e a maquete de São Paulo, pertencentes ao Museu Paulista, são documentos verídicos. Segundo ele, essa interpretação foi estabelecida pelos historiadores paulistas durante a primeira República, em oposição à historiografia gerada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao longo do século 19, mais abrangente, “e se tornou referência”, diz. “O museu e suas obras transformaram-se em um lugar de memória, forjando grande parte do imaginário nacional referente ao passado do Brasil”, afirma.

O curador ressalta que essas produções artísticas, além de exaltarem a participação dos paulistas nos acontecimentos, foram realizadas no início do século 20, em época bem distante dos fatos. “Mesmo assim há o pensamento de que elas os retratam fielmente, como se fossem fotografias”, afirma. Cita como exemplo disso o uso das imagens dos quadros do acervo como ilustração nos livros didáticos, em enciclopédias e em material de referência histórica.

Telas táteis – Além de uma nova ótica, a mostra inaugura no museu o uso de materiais para portadores de deficiência visual. São telas táteis, textos em braile e áudios com narrações que descrevem a pintura. Três telas foram reproduzidas em resina para o contato tátil: Fundação de São Paulo, Combate de Botocudos em Mogi das Cruzes, ambas de Oscar Pereira da Silva, e Pátio da Sé em 1862, de Wasth Rodrigues.

SERVIÇO

Exposição Imagens Recriam a História