Cultura: Natureza-morta é o tema de Morandi em exposição aberta na Pinacoteca



Exposição traz também trabalhos de outros importantes artistas plásticos italianos, como De Chirico, Severini e De Pisis

Arranjos com flores ou frutas, composições com vasos, garrafas ou objetos inusitados são expressões nas artes plásticas de um tipo de temática conhecida como natureza-morta. Para dar um pequeno apanhado desse gênero, a Estação Pinacoteca apresenta, até o dia 10 de setembro, a exposição Giorgio Morandi e a natureza-morta na Itália, com destaque para obra de um dos artistas italianos do século 20 que melhor exploraram o assunto. Pinturas, gravuras, desenhos e um mosaico compõem os trabalhos expostos. Há oito de Morandi e outros 24 de artistas italianos que se dedicaram ao assunto. Natureza-morta com pano amarelo (1924), Flores (1943), Vaso de flores (1951) e Natureza-morta (1954) são alguns dos quadros de Morandi. Vida silente com paisagem (1948) e Natureza-morta com pêras (1942) pertencem, respectivamente, a De Chirico e Gino Severini.

A mostra traz ainda obras de Carlos Carrà (juntamente com De Chirico, é eminente representante da pintura metafísica); Filippo de Pisis (cuja composição da imagem se dá por filamentos e o quadro é tecido com pontos largos); Fausto Pirandello e Gregório Sciltian (têm como tema a natureza-morta realista); Ennio Morlotti (retrata naturezas vivas captadas na ação); Gianfilippo Usellini, Pio Semeghini e Afro (exploram luz e cor com intensidade própria); e Giuseppe Cesetti, Francesco Di Cocco, Fortunato Depero e Giacomo Manzù (marcam o retorno à figura, em estilos diferentes). Bice Lazzarini, única mulher do grupo de artistas, aproxima natureza-morta e abstracionismo.

Vida silenciosa 

A exposição tem curadoria do crítico Renato Miracco e de Maria Cristina Bandera, diretora da Fundação de Estudos de História da Arte Roberto Longhi, de Florença (Itália). A expressão natureza-morta, de acordo com eles, tem sua origem, provavelmente, no holandês stilleven (natureza em pose). Mas apenas em 1870 o termo foi realmente adotado. Afirmam, no entanto, que há vestígios de descrições de naturezas-mortas na Grécia do século 4 a.C., quando Zêuxis pintou um jovem segurando uvas de uma forma tão realista que pássaros tentaram bicá-las, conforme relata Plínio, o Velho, em sua obra Naturalis Historia, livro 35. “A partir do ano 1600, o gênero passou a ter inúmeros apreciadores, mas alcançou o ápice no final do século 19 e início do 20, com as conquistas formais de Cézanne, o cubismo de Picasso e Braque e os conceitos revisitados de Giorgio Morandi”, observam os curadores.

Segundo eles, “a natureza-morta, para Morandi, é uma maneira de ser, um filtro através do qual a realidade é lida, interpretada e sublimada. O artista resgata a vida silenciosa da matéria inanimada, transmitindo em cada obra a sensação de que se está diante de algo único e absoluto. Morandi conserva a permanente alusão a uma realidade que está além das aparências. Para ele, o importante é ‘ir até o âmago das coisas’”.

SERVIÇO

Exposição Giorgio Morandi e a natureza-morta na Itália

Estação Pinacoteca: Largo General Osório, 66 – Luz – capital

De terça-feira a domingo, das 10 às 18 horas

Entrada: R$ 4 (gratuita aos sábados)

Mais informa

08/11/2006


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