Dados apresentados por Adylson Motta indicam que Foz do Iguaçu movimentou 50% do PIB de São Paulo



A cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, movimentou, entre 1996 e 1998, mais da metade dos recursos financeiros de todo o estado de São Paulo no mesmo período - São Paulo representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) - e o triplo do que movimentou todo o estado do Rio de Janeiro. As informações foram dadas pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Adylson Motta, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a evasão de divisas do país, principalmente pelo Banestado. Na ocasião, os valores em reais estavam equivalentes ao dólar e foram considerados, para esses dados, somente valores superiores a R$ 500 mil.

Os demais dados apresentados pelo ministro indicam que:

- De 1991 a 1998 saíram do país via contas CC-5 US$ 84 bilhões. Só em 1998, até o dia 27 de novembro, foram R$ 23,2 bilhões;

- Entre 1996 e 1998, havia 205 contas CC-5 em bancos estrangeiros. Nesse período houve 25 mil operações superiores a R$ 500 mil. Dessas, 95% eram de pessoas jurídicas e atingiram R$ 60 bilhões. Desses recursos, R$ 39 bilhões ocorreram em 137 contas CC-5;

- Em Foz do Iguaçu, quatro pessoas jurídicas fizeram 2600 movimentações, referentes a R$ 8,5 bilhões;

- Os bancos que praticaram as operações suspeitas foram agências do Banestado, Banco do Brasil, Banco Araucária, Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e Banco Real;

- Pela circular autorizativa do Banco Central, as agências dos cinco bancos poderiam receber depósitos e efetuar saques em reais, liberados aos correntistas para compras no Paraguai. Essa norma também permitia aos comerciantes mandarem de volta os recursos ao Brasil para depósito naquelas agências bancárias;

- As chamadas contas CC-5 permitem que empresas com sede no exterior, firmas brasileiras e pessoas físicas transfiram dinheiro para fora do país usando o sistema bancário. Essas contas foram regulamentadas pelo Banco Central por meio da Carta Circular nº 5, daí o nome CC-5.

- Os principais destinos dos recursos evadidos por agências bancárias de Foz do Iguaçu são, de acordo com Adylson Motta, bancos das Bahamas, do Paraguai, dos Estados Unidos, do Uruguai e das Ilhas Cayman, entre outros paraísos fiscais.



15/07/2003

Agência Senado


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