Debate aponta disputa entre homens e mulheres por espaços de poder



Em audiência pública sobre o tema "A mulher nos espaços de poder", a secretária-executiva de Articulação de Mulheres Brasileiras, Silvia Camurça, afirmou que os espaços de poder ainda são ocupados prioritariamente por homens. Para ela, o Brasil ainda vive num sistema patriarcal, que privaria as mulheres de buscarem sua independência. O debate foi promovido, nesta quinta-feira (6), pela Subcomissão Permanente dos Direitos das Mulheres, ligada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH),

Para manter essa condição de dependência, Silvia Camurça disse que o sistema patriarcal utiliza como estratégias barrar o acesso das mulheres ao poder; mantê-las em situação de dependência financeira; além de lançar mão de atos de violência e exploração do corpo feminino. O maior desafio dessa subcomissão, na sua avaliação, será conquistar o reconhecimento dos movimentos de mulheres no espaço político. E essa participação igualitária das mulheres no meio político poderia ser alcançada, na sua opinião, por meio de uma reforma política.

A representante do Fórum Itinerante Paralelo da Previdência Social, Justina Inês Cima, considerou importante refletir sobre o comportamento das mulheres que conquistaram poder. No seu ponto de vista, esse poder deverá ser exercido com justiça social, em prol de melhorias para a sociedade, como distribuição de renda e combate à violência.

A cantora Leci Brandão lamentou que, apesar de as mulheres serem mais de 50% dos eleitores brasileiros, representam menos de 10% da composição do Legislativo. Ela defendeu a candidatura de mulheres simples para cargos eletivos e criticou a valorização excessiva da beleza feminina em detrimento de outros atributos.

Na opinião da cantora, os artistas precisam defender a população, especialmente os que sofrem algum tipo de discriminação. E contou que sempre reserva três ou quatro faixas de seus discos para músicas que contribuam com a conscientização política das pessoas.

- Os direitos civis jamais serão completos sem os direitos sociais - argumentou.

Para a esportista Hortência Marcari, as mulheres não devem ocupar o lugar dos homens, e sim o espaço que é seu por direito. Ela reconheceu a predominância masculina no meio esportivo e disse ter enfrentado muito preconceito no início da carreira de atleta pelo fato de ser mulher e jogadora de basquete.

Já a cineasta Tisuka Yamazaki disse que só foi conhecer o preconceito contra as mulheres tardiamente, uma vez que em sua família, originária do Japão, predominava a gestão feminina. Na sua opinião, esse preconceito sobressai especialmente quando se tenta buscar financiamento para filmes nos quais a mulher tem papel de destaque.



06/03/2008

Agência Senado


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