Decisão do STF aumenta indignação e reforça impunidade, diz Cristovam



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse, nesta quinta-feira (19) que o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Melo, que obrigará a revisão de parte do julgamento do mensalão, iniciado em 2012, trará uma “grave perturbação na população brasileira e o aumento da indignação, que já vem caracterizando o Brasil nos últimos meses”. O senador disse ainda que a decisão do tribunal “vai aumentar a impunidade e a sensação de impunidade, que veio e vai ficar”.

– Estamos há anos, décadas, talvez, acumulando uma dívida com esse povo pelos serviços que não contemplam a população no transporte, na saúde, deixando que esse país se transforme em uma sociedade em plena guerra civil. Ainda não usamos tanques, gás sarin, como na Síria, mas o resto a gente está usando – afirmou.

Cristovam disse que a classe política está “em dívida” com a população por nao ter feito “a revolução necessária para educarmos nossas crianças, pela ineficiência com que funciona a economia, sem a necessária competitividade e a criação de novos produtos graças à ciência e à tecnologia".

– Temos a dívida do sistema político, temos a dívida da corrupção, da educação, da saúde e da infraestrutura. E o povo descobriu a dívida. E imediatamente o povo começa a ficar indignado – afirmou.

Cristovam apontou ainda a “degradação” da atividade política e “a falta de confiança” que os representantes do povo passam para a sociedade, que hoje se mobiliza, alerta o parlamentar, nos meios eletrônicos de comunicação para expressar indignação e descontentamento.

- Está cheio de carro de polícia na frente do Congresso, mesmo quando não tem ninguém na rua. Sabe a segurança que, a qualquer momento, com pequenos toques no computador, isso aqui vira uma grande manifestação. Estamos sem bússola e sem clareza de um norte para onde apontar, para onde conduzir o Brasil. O mais grave é a falta de preocupação. A impressão que dá é de que falta visão e percepção – afirmou.

Cristovam lamentou que, a um ano das eleições gerais de 2014,  o país ainda não sabe “quais serão os partidos que disputarão, se surgirá um partido cuja líder é a segunda colocada [em pesquisas], se vão surgir dois ou três partidos para disputar as eleições, não sabemos os candidatos, não sabemos como vai chegar o eleitor daqui a um ano”.

– Isso deveria merecer toda preocupação nossa. Não sabemos quais serão as regras do próximo processo eleitoral. Não sabemos como é que vamos votar. Essa insegurança faz com que essa Casa devesse estar se mexendo, borbulhando, procurando encontrar caminho. Como o eleitor vai chegar daqui a um ano com esse clima de indignação com a impunidade? Ele vai votar em a, b, c ou ninguém? Vai crescer muito o voto nulo – afirmou.

Cristovam ressaltou que, às vésperas das eleições, a população encontra-se “indignada e os políticos, despreparados para o momento histórico, e cegos, como se tudo estivesse bem”. Para o senador, o Brasil “parece estar virando um personagem que, diante dele, não sabemos como nos comportar com clareza”.

– O país está se transformando em uma sociedade sem o pacto social que a faz funcionar corretamente. Perdeu-se a confiança nas regras de funcionamento da política. É muito preocupante a sensação de que nós não estamos à altura do momento em que estamos atravessando. Até quando o povo vai aguentar isso? A principal causa da crise é a indiferença com que olhamos os problemas da sociedade brasileira – concluiu.



19/09/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


PARA TEOTÔNIO, MORTE DE CECI VIROU UM GRITO DE INDIGNAÇÃO CONTRA A IMPUNIDADE

Ana Júlia diz que impunidade aumenta violência no campo

Cristovam: Brasil se caracteriza pela falta de indignação diante de absurdos

Cristovam teme que indignação do povo "vire raiva", colocando em risco a democracia

Aumenta impunidade em crimes contra jornalistas, alertam entidades

Para César Borges, certeza da impunidade aumenta a corrupção