Defesa dos cursos de magistério manifestada em audiência



Os tradicionais cursos de magistério, de formação em nível médio, precisam ser mantidos no sistema escolar do país, defenderam participantes da audiência realizada na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) nesta quarta-feira (12). A visão é de que esses cursos ainda são necessários diante da realidade diversificada do país, com muitos municípios carentes de professores e se vendo ainda obrigados a manter leigos na atividade. Mesmo onde já existem cursos de nível superior em Pedagogia, o entendimento é que o curso de magistério pode representar uma alternativa válida de formação inicial para quem deseja se dedicar ao ensino.

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- O magistério deve ser visto como parte do itinerário formativo dos professores - destacou a senadora Fátima Cleide (PT-RO),

O debate foi promovido para instruir a análise de projeto do Executivo que dispõe sobre a formação dos professores, por sugestão da própria Fátima Cleide e da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Já aprovado na Câmara dos Deputados, o texto do PLC 280/09 passa a exigir formação superior para os professores que atuam na educação básica. No entanto, permite a contratação de mestres com formação apenas em nível médio para educação infantil e para os quatro primeiros anos do ensino fundamental nas localidades onde comprovadamente não existirem profissionais com formação em nível superior.

Transição

A presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde, apresenta ainda outro motivo para a manutenção dos cursos de magistério: conforme salientou, esse é o único curso de nível médio no país na área de ciências humanas. De todo modo, nem ela nem os demais palestrantes negaram a necessidade de se impor como exigência a formação superior para os professores do ensino básico, seja em Pedagogia ou cursos de outras áreas com licenciatura, havendo apenas a ressalva de que deve haver um prazo de transição para a regra legal começar a valer.

Para Yvelise Arco-Verde, essa transição exigirá tempo nunca inferior a dois anos para localidades onde já existam professores com formação superior e ainda mais quando faltarem profissionais com esse perfil. Para o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo Filho, também de nada valerá se os mestres tiverem grau universitário se esses cursos forem deficientes e continuarem ainda sem acesso a formação continuada, salários dignos e boas condições de trabalho.

- Não é a legislação que muda a realidade, pois se assim fosse já não teríamos professores leigos nas salas de aula - disse.

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Almeida e Silva, procurou tranquilizar os colegas de bancada com a informação de que não há intenção de se acabar como curso de magistério. Porém, salientou que a política ministerial é mesmo no sentido da obrigatoriedade da formação superior, admitindo-se o magistério apenas como nível inicial.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, admitiu que a formação dos professores do ensino básico ainda é inadequada, sendo esse um dos fatores que contribui para os fracos resultados dos alunos no Ideb, a prova de avaliação desse nível de ensino. Ele informou que na Bahia 78% dos professores ainda não têm formação superior e mesmo em São Paulo há um déficit de 30%.

Participaram ainda do debate Fúlvia Rosemberg, do Movimento Interfórum de Educação Infantil, e Maria Machado Malta Campos, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas.

Gorette Brandão / Agência Senado



12/05/2010

Agência Senado


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