Delegado da PF nega caráter político na operação realizada na Lunus



O delegado da coordenação geral de repressão ao crime organizado da Polícia Federal (PF), Paulo de Tarso Gomes, garantiu aos integrantes da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência que a operação de busca e apreensão realizada na empresa Lunus, de propriedade do marido da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL), Jorge Murad, foi normal e não teve qualquer caráter político. Paulo de Tarso foi o comandante da operação.

O delegado também negou que a Polícia Federal tenha realizado escuta telefônica para interceptar ligações feitas ou recebidas por qualquer dos envolvidos no caso. E que houvesse conhecimento prévio de que seriam encontrados R$ 1,3 milhão no cofre da empresa Lunus. Paulo Tarso confirmou que encaminhou cópia do mandado de busca da operação, via fax, para o gabinete do presidente Fernando Henrique Cardoso, a pedido do seu superior na época, Itanor Neves Carneiro, hoje diretor-geral da PF.

A reunião desta terça-feira (11) da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência foi marcada para ouvir Itanor Neves Carneiro. Momentos antes do início da audiência pública, ele telefonou informando que teve problemas no vôo que fazia a Brasília e seria impossível seu comparecimento. O diretor-geral da PF foi substituído por Paulo de Tarso Gomes e pelo coordenador geral de prevenção e repressão a entorpecentes da Polícia Federal, Getúlio Bezerra Santos.

Em seu depoimento, Getúlio Santos refutou notícias veiculadas pela imprensa no sentido de que acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos obrigaria a Polícia Federal a prestar informações sigilosas à agência americana de combate ao narcotráfico, a Drug Enforcemente Administration (DEA). Ele disse que nenhum dos termos do convênio fere a soberania nacional.

Getúlio Santos informou que, pelo acordo com os Estados Unidos, o Brasil recebe anualmente US$ 3,5 milhões. O dinheiro é utilizado em treinamento e pagamento de diárias para policiais e na compra de equipamentos utilizados na repressão aos entorpecentes. O convênio, segundo explicou o coordenador da PF, prevê a prestação de contas ao doador, que é feita por intermédio do Ministério das Relações Exteriores.

Ao final da reunião foi aprovado requerimento do presidente da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), para que seja realizada uma reunião secreta com a participação dos ministros da Defesa, Geraldo Quintão; da Justiça, Miguel Reale Júnior; da Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso; além dos comandantes das três Forças Armadas e do diretor-geral da Polícia Federal, Itanor Neves Carneiro. O assunto será a situação da segurança pública no Brasil.



11/06/2002

Agência Senado


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