Delegado nega convicção sobre mandante de escutas clandestinas



O delegado Gesival Gomes de Souza, responsável pela direção do inquérito da Polícia Federal que apura a instalação clandestina de escutas telefônicas na Bahia afirmou nesta quinta-feira (27) aos membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que ainda não tem convicção formada sobre o mandante original da ordem para a realização dos -grampos-. Ele disse que deverá obter resposta conclusiva sobre o nome do mandante ao final das apurações e dos testemunhos das pessoas envolvidas no caso.

A pergunta ao delegado foi feita pelos senadores Tião Viana (PT-AC) e por Geraldo Mesquita (PSB-CE), relator da sindicância que está sendo feita pelo conselho para saber se o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) teria algum tipo de envolvimento com o caso das escutas. O delegado também disse, atendendo questionamento do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que não poderia informar, com certeza, a motivação para a realização dos grampos.

A resposta de Gesival foi a mesma para pergunta feita pelo senador Marcelo Crivella (PL-RJ) quanto à existência de prova cabal que indicasse a participação de algum membro do Senado no escândalo.

- Ainda não cheguei a uma conclusão sobre isso e só poderei, se chegar, ao final do inquérito - disse ele.

Ao descrever a origem do inquérito policial, no entanto, o delegado disse que já é possível, no atual momento das apurações, afirmar, com certeza e segurança, que as escutas foram feitas de forma fraudulenta e contaram com a participação de pessoas da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, de funcionários da empresa de telefone TIM Maxitel e da empresa Consults, que fica em Vitória da Conquista (BA).

Gesival também apontou erros na conduta da juíza responsável pela autorização para a realização das escutas telefônicas que originaram as fraudes. De acordo com o delegado, a juíza Teresa Cristina Navarro Ribeiro, da Comarca de Itapetinga, na Bahia, deveria ter anexado a justificação para a realização das escutas às ordens expedidas e deveria também proceder às transcrições das fitas a cada 15 dias e solicitar o acompanhamento do processo pela Secretaria de Segurança Pública do estado. Ela também errou, segundo ele, ao não tomar nenhuma providência na seqüência da verificação das fraudes.

- Esse crime só ocorreu porque a lei não foi observada. Houve erros da juíza que beneficiaram aqueles que queriam cometer ilicitudes - respondeu o delegado à pergunta do senador Flávio Arns (PT-PR) sobre os procedimentos para uma autorização de escuta.

Em resposta ao senador Paulo Octávio (PFL-DF), o delegado da PF negou que tenha sofrido qualquer tipo de pressão política por parte do senador Antonio Carlos Magalhães desde o início das investigações. Disse também, em resposta a Paulo Octávio e ao senador César Borges (PFL-BA) que é ciente do poder de Antonio Carlos e também dos adversários políticos que o senador citado nas denúncias enfrenta na Bahia.




27/03/2003

Agência Senado


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