Delegado Santana fala sobre falta de páginas em inquérito



A CPI da Segurança Pública ouviu ontem os depoimentos de seis delegados de polícia sobre o inquérito policial que investiga a atuação do jogo do bicho no Estado. Apenas o depoimento do presidente do inquérito, delegado Carlos Santana, foi aberto à imprensa. Todos os demais pediram sigilo. Os parlamentares questionaram Santana sobre o por quê de faltaram páginas na cópia do inquérito entregue à CPI. Segundo o delegado, foram extraídos do inquérito e repassados às comarcas de origem 12 mandados de busca e apreensão porque não tinham coincidências com as investigações sobre o jogo do bicho. Foram encaminhados também à Justiça alguns documentos sigilosos. "No momento que foram retiradas as peças do inquérito, refizemos a autuação para reorganizar a quantidade enorme de objetos e documentos". Evasivo O presidente da CPI, deputado Valdir Andres (PPB), considerou evasivo o depoimento do delegado. O parlamentar afirmou que Santana não soube explicar à CPI os motivos das rasuras e alterações na numeração das páginas do inquérito. "Estamos diante de um documento oficial mal elaborado e com falhas grotescas". Andres acredita que essa é uma prova do descaso da administração do PT com a segurança pública. "A desorganização do inquérito demonstra que o governo está totalmente perdido em suas ações", declarou. Andres acredita que os delegados Nedson Ramos de Oliveira, Thiago Firpo, Rodrigo Lorenzi Zucco, Luís Eduardo Santin Benites e Eliomar Franco possam estar sofrendo pressões. "Os seus depoimentos, em caráter sigiloso na CPI, em nada colaboraram com as investigações, pois não forneceram maiores esclarecimentos sobre o assunto", afirmou o parlamentar. Inadmissível O relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), afirmou que é inadmissível que um inquérito seja apresentado nas condições em que os deputados da CPI o receberam . " A polícia tem o dever inafastável de conduzir suas investigações observando rigorosamente as exigências legais, dentre as quais está a formalidade de numeração seqüencial das folhas. No inquérito nº 003/2000 nem isto ocorreu. São várias as folhas com numeração rasurada o que coloca em xeque a confiabilidade do material que nos foi entregue", destacou. Para Vieira da Cunha, "fica a dúvida sobre a autenticidade de várias peças e ainda reforçada nossa preocupação com o fato, agora evidenciado, da falta de respeito às atribuições da CPI na medida em que nos é negado o acesso a diversas peças do processo, a pretexto do sigilo determinado judicialmente", concluiu. Os delegados Thiago Firpo, Luís Eduardo Santin Benites, Nedson Ramos de Oliveira, Rodrigo Lorenzi Zucco e Eliomar Franco prestaram depoimento em sigilo. Dificuldade O líder do governo, Ivar Pavan (PT), considera as críticas ao inquérito policial fruto da dificuldade de alguns parlamentares de entender as explicações fornecidas pelo presidente do inquérito, "que repetiu pacientemente cinco vezes a forma de organização dos volumes que compõem a investigação. Mesmo assim alguns deputados não conseguiram entender o assunto. Ou é má vontade ou dificuldade de entendimento”, avalia. O líder do governo rechaça as suposições levantadas pelo presidente da CPI, Valdir Andres (PPB), de que os delegados que prestaram depoimentos omitiram informações por estarem sofrendo pressões. “O presidente da CPI deve ter tirado esta conclusão tendo por base a prática do seu partido. Este é mais uma suposição desprovida de lógica, pois se isto tivesse acontecido, os delegados teriam perdido uma grande oportunidade de denunciar a pressão na sessão reservada”, assinala. Novos depoimentos Na próxima segunda-feira, a CPI ouvirá a presidente da Febem, Ana Paula Mota Costa e o coronel da Brigada Militar, Roberto Ludwing. A presidente da Febem deverá falar sobre o policiamento da Brigada Militar dentro da instituição e o coronel sobre o episódio que culminou na destruição do relógio dos 500 anos. A reunião acontecerá às 12 horas, no plenarinho.


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