Demóstenes adverte para inutilidade do Conselho Sul-Americano de Defesa



O Conselho Sul-Americano de Defesa estará esvaziado desde a criação se o seu primeiro objetivo estratégico não for o desmantelamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ), disse nesta quinta-feira (24) à Agência Senado o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O parlamentar entende que os narcoguerrilheiros são o principal fator de instabilidade na região atualmente.

Segundo Demóstenes, ninguém deve se entusiasmar com a adesão do presidente colombiano Álvaro Uribe à idéia do conselho, manifestada no último domingo durante as comemorações da independência daquele país. Para o senador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve em Bogotá participando das celebrações, não tem motivos para exibir a adesão de Uribe como um troféu político.

- Ao articular o conselho, o presidente Lula acha que irá alterar necessariamente o jogo de forças no mundo. Isto é uma ilusão. Quem é que vai encarar com seriedade uma instituição complacente com a narcoguerrilha? - questionou o parlamentar, que reclamou mais uma vez o repúdio do governo brasileiro à organização.

O senador ainda apontou como pontos fracos desse conselho a presença dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, considerados por ele como "sem qualificação para os cargos que ocupam". Chávez inclusive teria ligações com a guerrilha, o mesmo podendo-se dizer do presidente do Equador, Rafael Correa.

Na opinião do parlamentar democrata, se o conselho não cuidar em princípio das Farc, não terá energia e moral para tratar de outras demandas estratégicas na agenda de uma América do Sul integrada, como a defesa da Amazônia e a garantia dos recursos energéticos do subcontinente.

Demóstenes é de opinião que sem objetivos definidos, já que não pretende ser uma aliança militar no sentido clássico, o conselho ficaria relegado a uma quimera política, assim como já se dá com a Organização dos Estados Americanos (OEA), classificada por ele como "ineficaz". O parlamentar também duvida que se materializem as intenções de dar à nova organização as tarefas de promover a indústria de defesa entre os 12 países-membros e resolver conflitos regionais.

- O Brasil precisa antes reativar sua indústria nacional de defesa, que foi sucateada, quando os países do primeiro mundo reservam dez por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para esse fim. Quem não faz sua defesa não é respeitado - assinalou o parlamentar.

Ele conta que, em visita à Amazônia, pode-se constatar a precariedade das condições das Forças Armadas em termos de equipamentos e até de combustíveis.

- Não temos condições de defender as fronteiras do Brasil de narcoguerrilheiros. Como pretendemos liderar ações geopolíticas? - perguntou Demóstenes.

Para o senador, o conselho é conceitualmente bom, mas nas circunstâncias atuais "é o mesmo que nada".

Betancourt

Ao comentar a visita que a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt deve fazer ao Senado, onde será homenageada, Demóstenes Torres disse que sua presença no parlamento brasileiro será proveitosa se ela "deixar de lado o papel de pop star". O parlamentar disse preferir a Ingrid dos primeiros dias após sua libertação das mãos dos narcoguerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no início de julho.

- Assim que foi libertada, a Ingrid fez a coisa certa, ao elogiar o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e criticar as Farc, mas agora pretende o impossível: o diálogo entre Uribe e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, filhote do Fidel Castro - analisou o senador.

Demóstenes vê a libertação de Ingrid, que tem passado a maior parte do tempo em Paris, como um símbolo da ação correta de Uribe. Este estaria utilizando alternadamente "o diálogo e o chumbo" na sua estratégia com relação ao grupo narcoguerrilheiro. A prova disso seria o resgate bem-sucedido da ex-senadora e mais 14 reféns da organização.

- Vamos ver como ela vai chegar aqui ao Senado do Brasil. Se for só para farra, sua visita não trará nada de novo, pois já temos farristas que chega - advertiu o senador.



24/07/2008

Agência Senado


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