Demóstenes aponta "jogo de estratégia" entre oposição e governo na votação da CPMF e no julgamento de Renan



O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse nesta quarta-feira (21) que a oposição e o governo estão travando "um jogo de estratégia" em torno da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e do julgamento do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Demóstenes assinalou que nesta semana a estratégia da oposição foi vincular os dois assuntos, de maneira a atrapalhar o que ele chamou de "acordo" entre o governo e Renan: este supostamente abriria mão da Presidência em troca dos votos do PT a sua absolvição e dos votos de todo o PMDB à CPMF.

Demóstenes explicou que a recusa do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) em apresentar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) seu relatório sobre o projeto de resolução que estabelece a perda do mandato de Renan destinou-se atrasar o exame da matéria no Plenário, evitando que uma absolvição conduzisse à aprovação da CPMF.

- Se o governo quiser fazer acordos, não contará, de forma alguma, com o nosso apoio. A questão da cassação do senador Renan Calheiros envolve um ato ilícito, uma quebra de decoro praticada pelo senador.O governo entrar para tentar, a qualquer custo, absolver o Renan pra aprovar a CPMF, isso nós não vamos aceitar e vamos criar problemas - avisou Demóstenes.

O senador analisou o novo pedido de licença de Renan (até o dia 29 de dezembro) como uma demonstração de que ele não vai permanecer na Presidência da Casa, mas que espera uma votação rápida do seu caso.

- Ele também evitou um maior acirramento de ânimos. Mas, ao mesmo tempo, nós conseguimos jogar o cronograma da votação da CPMF, mais ou menos, para a eleição do Renan. Então, estamos conseguindo embolar. Nosso objetivo é esse - disse o senador do DEM.

Segundo ele, as estratégias de lado a lado poderão mudar"a cada dia e até a cada minuto", com a oposição buscando acelerar a tramitação das matérias e não atrasando, como ocorre no momento. Sobre a autoconvocação do Congresso, por exemplo, idéia atribuída a Tião Viana, Demóstenes limitou-se a dizer que é "um direito" do presidente do Senado.

Quanto a um possível requerimento de CPI do PT para investigar o caso da Cisco,empresa de informática que teria doado R$ 500 mil ao partido em troca de licitações fraudulentas na Caixa Econômica Federal, Demóstenes disse achar que não cabe CPI porque a Polícia Federal já está apurando o caso. Ele prometeu examinar toda a prestação de contas do PT para verificar se há suspeita de outras doações ilegais, para então requerer a CPI.



21/11/2007

Agência Senado


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