Demóstenes Torres cobra a demissão de Francisco Escórcio
Em pronunciamento nesta terça-feira (9), em Plenário, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) cobrou a exoneração do assessor da presidência do Senado, Francisco Escórcio, acusado pela revista Veja de ter ido a Goiânia solicitar a ajuda de um empresário para espioná-lo e ao senador Marconi Perillo (PSDB-GO). O plano incluiria a instalação de câmaras em um dos hangares do aeroporto da capital goiana.
Em resposta ao senador por Goiás, o presidente da Casa, senador Renan Calheiros, disse que afastou o funcionário e que ordenou a abertura de sindicância para apurar o caso. Demóstenes Torres, porém, rebateu dizendo que tal informação não correspondia à verdade e que o presidente do Senado poderia ir além. Em nota divulgada na segunda-feira, Renan repudiou alegações de que teria usado um servidor da instituição para "práticas inescrupulosas, imorais e ilegais".
- Todos aqui sabemos o quanto Francisco Escórcio é destrambelhado, para não usar um termo mais desqualificado. Não é Francisco Escórcio que irá me constranger. O Francisco Escórcio não é procurador-geral da República. O Francisco Escórcio não é ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele não pode mandar investigar um senador. Ele não tem esse direito. Ele não tem essa competência legal - disse Demóstenes.
Demóstenes disse que manteve contato telefônico com o empresário Pedro Abraão, que teria confirmado a ida de Escórcio a Goiânia.
- Chiquinho Escórcio teria dito a ele que estava lá numa missão de 'arapongagem' e que estava resolvendo também problemas relativos ao Maranhão, mas queria me flagrar e flagrar o senador Marconi Perillo voando de forma ilegal - contou.
Por solicitação de Demóstenes, durante o seu discurso foi reproduzido o som da gravação de uma conversa de aproximadamente cinco minutos mantida entre o jornalista Leonardo Souza, da Folha de S. Paulo, e o advogado Heli Dourado, que também teria se reunido com Escórcio, em Goiânia.
- Vossa Excelência pode verificar, nessas declarações, primeiro, que a reunião aconteceu. Segundo, que Francisco Escórcio mandou buscar Pedrinho Abraão, convidou-o para ir lá. Terceiro, que eles falaram em nome de Vossa Excelência, ainda que indevidamente - disse Demóstenes, referindo-se a Renan Calheiros.
"Onde estamos?"
Depois de ouvir a gravação, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) perguntou a Demóstenes Torres: "Onde estamos? No Senado Federal ou numa delegacia de polícia?". Em resposta, o senador pelo DEM goiano afirmou: "Vossa Excelência pode responder. Não sei qual a intenção da pergunta de Vossa Excelência, mas o Conselho de Ética é justamente para apurar quebra de decoro. É isso que Vossa Excelência quis dizer ou quis fazer uma defesa? Se quiser, faça, Vossa Excelência tem direito". Valter Pereira concluiu dizendo: "Estamos diante de um rosário de episódios que deprimem extremamente a imagem do Congresso".
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu que Renan se afastasse da presidência da Casa, como forma de se defender das acusações que pesam contra ele e para que o Senado volte à normalidade. Na avaliação de Cristovam, Demóstenes, "querendo ou não" mostrou que está faltando credibilidade a Renan para exercer a Presidência.
- Mesmo que o senhor esteja com a verdade, a credibilidade se esvaziou. Neste momento, seria um gesto patriótico e inteligente - patriótico para o país e inteligente do seu ponto de vista, da sua defesa - que o senhor não estivesse na presidência do Senado - argumentou Cristovam.
Quando Demóstenes quis conceder mais um parte, Renan o interrompeu dizendo que seu tempo estava esgotado. Demóstenes argumentou que Renan havia falado antes, por 20 minutos, quando teria, igualmente, cinco minutos para se pronunciar. O senador por Goiás exigiu tratamento igualitário. Renan desconsiderou a reclamação e declarou encerrado o tempo de Demóstenes, que agradeceu e deixou a tribuna.09/10/2007
Agência Senado
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