DEPOENTE ACHA QUE VENDEU IMÓVEL AO TRT DA PARAÍBA PELO "PREÇO JUSTO"



Em depoimento, nesta terça-feira (dia 17) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Poder Judiciário, o comerciante Antônio Almério Marra disse que negociou imóvel na Praça da Independência, em João Pessoa, pelo "preço justo". A venda, feita ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Paraíba por R$ 710 mil, está sob suspeita de superfaturamento.Marra, dono de uma empresa de produtos médico-hospitalares, fez um histórico de como adquiriu terrenos e casas na Praça. Em 1991, disse, ele comprou de sua própria empresa o imóvel, mas só fez o registro, por R$ 225 mil, na véspera de passar o prédio e o terreno ao TRT, em fevereiro de 1995. Pela diferença entre o valor registrado e o preço pago pelo tribunal, Marra pagou R$ 150 mil de Imposto de Renda.- Não vendi o prédio por valor superfaturado. Vendi o prédio pelo preço que achei justo, que me é de direito - disse Marra.Para chegar ao valor, o depoente disse que pediu avaliações do imóvel, comparando-o a similares, chegando a conclusão que o terreno e o prédio "muito bem localizados", têm o valor cobrado. Segundo ele, a Secretaria de Patrimônio da União estimou o imóvel em R$ 588 mil."CADEIA DA FELICIDADE"O vice-presidente da CPI, senador Carlos Wilson (PSDB-PE), quis saber do depoente porque, depois de realizado o negócio, passou a sacar altos valores na boca do caixa da agência do Unibanco em João Pessoa. Wilson listou transações vultosas que totalizaram R$ 320 mil em saques.Marra respondeu que usou o dinheiro para comprar dólares e ajudar os filhos, entre outros gastos. Porém, o relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), registrou que, mesmo depois de ter realizado tantos gastos, no final de 1995, sua declaração de Imposto de Renda acusa a existência de R$ 400 mil em caixa e em contas bancárias.Na movimentação bancária de Marra, disse Carlos Wilson, destaca-se também um depósito, no valor de R$ 256 mil, para sua mãe, Maria José. O depoente disse que a transferência foi feita devido a problemas familiares, mas Carlos Wilson registrou que dos 45 cheques emitidos pela mãe do depoente, 44 foram usados para saques no banco.Para Carlos Wilson, R$ 220 mil era o valor do imóvel, R$ 90 mil foram pagos como primeira parcela do Imposto de Renda e os R$ 400 mil foram distribuídos por "uma cadeia da felicidade". Souto acredita que a movimentação da conta que, menos de um mês depois do depósito do TRT já estava "zerada" foi "anômala".Na movimentação, encontram-se ainda cheques emitidos para uma farmácia (R$ 20 mil), para um funcionário da empresa de Marra (R$ 12 mil) e para uma empresa de material elétrico (R$ 5 mil).

17/06/1999

Agência Senado


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