Desafio do Brasil é levar museus para interior do País, diz presidente do Ibram
Ampliar o número de museus nas regiões Norte e Centro-Oeste, descentralizando o acesso a esse tipo de instituição, é o grande desafio do Brasil para os próximos anos. A opinião é do presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior. Segundo o Cadastro Nacional de Museus, concluído pelo Ibram em outubro de 2010, apenas 21% das cidades brasileiras, ou seja, 1.172 dos 5.564 municípios, contam com ao menos um museu. Dos 3.025 museus existentes, 1.151 funcionam na região Sudeste e 878, na Sul.
Os números ajudam a entender a pouca familiaridade de muitos brasileiros com esses espaços. Pesquisa feita pelo Ministério da Ciência e Tecnologia no ano passado identificou que apenas 8,3% dos 2.016 entrevistados visitavam museus dedicados a temas científicos ou de tecnologia e somente 14% frequentavam museus de arte.
“Ainda temos um déficit de investimentos na área. O próprio Plano Nacional de Museus aprovado em 2010 aponta a necessidade de ampliarmos para 6% do orçamento do Ministério da Cultura a fatia destinada aos museus, que hoje é 2,5%. Para mantermos a sustentabilidade da qualificação dos espaços temos de lidar com esse desafio”, disse Nascimento, afirmando que a meta do governo é fazer com que pelo menos 50% das cidades brasileiras tenham ao menos um museu até 2020.
Mesmo tendo muito trabalho para garantir o acesso da população ao seu patrimônio cultural, o Brasil tem razões para comemorar o Dia Internacional dos Museus, celebrado nesta quarta-feira (18). Segundo o presidente do Ibram, graças à maior atenção governamental, o País vem obtendo importantes avanços para ampliar, qualificar e popularizar estes equipamentos culturais.
Os museus brasileiros são espaços públicos ou privados, de tamanhos variados, instalados em grandes metrópoles ou pequenas comunidades e que, juntos, geram mais de 22 mil empregos diretos. Segundo Nascimento, esses espaços, graças à ampliação do conceito de museus, têm conseguindo atrair a um novo público.
"Desconstruímos uma ideia tradicional de museu. Se antes ele era sinônimo de coisas velhas, hoje, além de um prédio com um acervo, ele é visto como uma ferramenta social de afirmação da identidade [comunitária]. Várias comunidades que tinham um desejo de [preservar] sua memória e uma vontade de divulgar sua própria identidade buscaram fazer isso nos museus [locais]", diz Nascimento.
Ele cita como exemplo os museus comunitários inaugurados em morros cariocas, mas destaca que esses espaços não substituem nem concorrem com os chamados "museus tradicionais".
O maior número de museus, aliado aos bons resultados da economia nacional (com o incremento do poder aquisitivo de uma ampla parcela da população), resultou no aumento do número de frequentadores. De acordo com Nascimento, as visitas anuais passaram de 15 milhões em 2003 para cerca de 80 milhões no ano passado. Ainda segundo presidente do Ibram, a França, país com reconhecida tradição no campo de museus, contabiliza 55 milhões de visitações ao ano.
Com o maior interesse do público e o crescimento do número de museus, cresceu também a demanda por profissionais qualificados, o que resultou em outro fenômeno significativo: a criação de cursos universitários de museologia. Se até 2003 o País contava com apenas dois cursos de graduação, hoje eles já são doze, além dos cursos de mestrado e doutorado criados pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).
Fonte:
Agência Brasil
18/05/2011 17:27
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