Descubra o Horto Oswaldo Cruz, uma das atrações do Butantan



Local abriga o Núcleo de Educação Ambiental Terra Firme

Ainda hoje, muitos freqüentadores do Instituto Butantan desconhecem que lá existe um cantinho especial: um horto florestal. Com o nome Horto Oswaldo Cruz, em homenagem ao médico sanitarista, o local foi criado em 1916 por Arthur Neiva, diretor do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, com o objetivo de cultivar plantas de importância medicinal, fornecer recursos à medicina, orientar o público na cura de moléstias e combater o charlatanismo.

Passados 90 anos e diversas mudanças estruturais (leia boxe), o Horto Oswaldo Cruz recebeu, em 1992, investimentos do Unibanco Ecologia para ser transformado em um parque composto por um sistema de trilhas, resgatando seu trajeto original. “Foi a primeira atividade oficial de educação ambiental no Instituto Butantan, com a instalação de placas de identificação dos principais exemplares das espécies vegetais, além de treinamento de monitores para atuação com o público”, explica Giuseppe Puorto, diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan. De acordo com o executivo, após dois anos verificou-se que a experiência não dera certo e o horto foi fechado para visitação.

Em seguida, o Museu Biológico instalou o Núcleo de Educação Ambiental Terra Firme. O nome é alusão ao termo Butantan, que na língua Tupi significa “terra firme”. A casa principal do Horto Oswaldo Cruz foi reformada e é sede para aulas temáticas sobre animais perigosos para grupos agendados. A área externa é utilizada como extensão dessa atividade, possibilitando aos visitantes uma representação da relação dos animais estudados com o seu ambiente natural.

Sonho antigo – Há dez anos, o herpetólogo (especialista em répteis) Giuseppe Puorto assumiu a direção do Museu Biológico do Instituto Butantan e, desde o início de sua gestão, desejava criar um núcleo de educação ambiental no Horto Oswaldo Cruz. “Queria criar uma ponte unindo toda a experiência adquirida com o lado pedagógico; para isso contratamos duas profissionais: Fabíola Crocco Meireles e Alessandra Schunck, ambas educadoras e biólogas”, diz Puorto.

Com a contratação das profissionais, teve início o projeto Butantan é o Bicho. “Buscamos diversificar o nosso universo, que é bem extenso. De maneira informal, os alunos entram em contato com vários temas, como animais perigosos, biomas, insetos, etc.”, explica Fabíola.

De acordo com a profissional, a temática é divulgada entre as escolas e elas agendam o que julgarem mais conveniente. A atividade com os alunos dura até três horas e eles recebem informações teóricas em uma sala de aula equipada com datashow, computadores e material expositivo. “Os alunos ganham cartilhas em formato de quebra-cabeças e o professor, um jogo de cartas para usar em sala de aula com informações sobre alguns animais”.

Puorto explica que não é uma aula formal. Há uma parte teórica, de apresentação, com peças biológicas, uma parte interativa, onde eles montam coisas e uma parte da trilha em que vão ver réplicas relativas ao assunto. “É uma atividade ligada ao Museu Biológico com atendimento diferenciado, e pode servir tanto para treinamento técnico como para atividade educativa.

Hoje, a equipe do Museu Biológico é composta por 35 profissionais de diversas formações. A idéia para a criação desse projeto teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para equipar a casa, comprar computadores, criar jogos e adaptar o horto.

Fabíola diz que o projeto atinge alunos de todas as faixas, de crianças de pré-escola até a faculdade. “Recebemos o pedido de uma escola, cujos alunos do maternal (em torno de três anos) estavam estudando o universo das borboletas. Na época, não tínhamos as barracas para simular os casulos. Foi um desafio e tanto. O resultado foi incrível para nós e para as crianças”. O programa teve início em março de 2006 e atendeu 700 alunos naquele ano.

Outras atividades – Puorto diz que a unidade também realiza outras atividades para profissionais das Forças Armadas, Polícia Militar e até para um grupo de auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Cada grupo de 12 pessoas tem por finalidade formar, também, agentes multiplicadores. “Em 2005, treinamos alguns profissionais do MTE que iriam fiscalizar algumas fazendas que praticavam trabalho escravo. Eles precisavam ter conhecimento de mata e de animais perigosos. O programa durou dois dias”.

Mais de 90 anos dedicados ao cultivo e estudo de plantas

A idéia de criar hortos ou reservas destinados ao cultivo e estudo de plantas medicinais e de uso indígena no País teve seu primeiro registro em 1865 na Conferência Botânica da França, quando o diretor da Seção de Botânica do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Dr. Ladislao Mello Neto, disse que a prática era importante para o desenvolvimento científico brasileiro.

Em 1916, o Dr. Arthur Neiva assumiu a direção do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo. Para dirigir o projeto, Neiva convidou o Dr. Frederico Carlos Hoehne. Em 1917, teve início a construção do Horto Oswaldo Cruz, em frente ao prédio principal do Instituto de Botânica, que tinha 150 mil metros quadrados, alcançando a várzea do Rio Pinheiros.

A inauguração oficial foi em janeiro de 1918, logo após o término das adaptações da área. Para ocorrer um maior desenvolvimento do projeto, foi criada uma Seção de Botânica, oficialmente a primeira Seção Botânica do Estado de São Paulo, dirigida pelo próprio Hoehne.

Em 1920, foi inaugurado o Instituto de Medicamentos Oficiais, que visava desenvolver medicamentos que pudessem combater as principais moléstias da época (malária, ancilostomose e sífilis). Passado quase um ano de sua inauguração, foi fechado por não atingir seus objetivos. Quando Rudolph Krauss ocupou a direção do Instituto Butantan, verificou que o custo econômico do horto era inviável e propôs sua transferência para o Museu Paulista. Em 1923, Vital Brazil assumiu novamente a direção do Instituto Butantan, o Horto Oswaldo Cruz foi desanexado da Seção de Botânica e sua área deixou de ser utilizada para estudos de pesquisa em botânica e passou a ser uma dependência do Instituto Butantan. Apesar das diversas tentativas nas décadas seguintes, o Horto Oswaldo Cruz como área de subsídio para produção de medicamentos pouco produziu.

No início da década de 1950, a seção tinha dois focos de atividades: uma se ocupava da esquistossomose, a cargo do professor Ruiz, e a outra do estudo de helmintos, orientada pelo diretor da seção Dr. Flávio da Fonseca. Ele organizou no Instituto Butantan uma das maiores coleções de ácaros do mundo, com 80 mil exemplares, além de uma biblioteca com 2 mil trabalhos sobre o assunto.

Com a sua morte, em 1963, a seção entrou em fase de dificuldades por carência de pessoas especializadas. Passando por diversas direções, em 1992, o Horto Oswaldo Cruz foi submetido novamente a uma restauração financiada pelo Unibanco Ecologia. Hoje, abriga o Núcleo de Educação Ambiental Terra Firme.

SERVIÇO

Agendamento de visitas:
(11) 3726-7222 – ramal 2090, das 9 às 16h30 ou pelo e-mail [email protected]

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)



09/03/2008


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