Dilma e Michele Bachelet discutem amanhã agenda comercial entre Brasil e Chile



A presidenta Dilma Rousseff embarca para o Chile hoje (10) à noite para as cerimônias de posse de Bachelet, programadas para amanhã. O primeiro evento será a transmissão do cargo no Congresso Nacional do Chile, em Valparaíso, a 120 quilômetros da capital, Santiago. Em seguida, outra cerimônia ocorrerá no Palácio Presidencial de Cerro Castillo – na cidade vizinha de Viña del Mar – seguida de um almoço e de uma foto oficial.

Além de Dilma, participam da posse da mandatária chilena os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, da Bolívia, Evo Morales, da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Equador, Rafael Correa, do México, Enrique Peña Nieto, do Paraguai, do Peru, Ollanta Humala, do Suriname, Desiré Bouterse, do Uruguai, José Mujica, da Venezuela, Nicolás Maduro, além do primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe.

A volta da presidenta eleita Michelle Bachelet ao poder no Chile deverá aproximar o país dos vizinhos da América do Sul e aumentar a participação chilena em temas regionais, segundo expectativas do governo brasileiro. Bachelet governou o Chile entre 2006 e 2010, foi sucedida pelo atual presidente, Sebastián Piñera, e voltará à cadeira presidencial amanhã (11).

"A perspectiva é muito positiva. O Chile tem intenção de ter um papel mais ativo na América Latina, o que é perfeitamente coerente com a posição que a presidenta Bachelet teve durante o primeiro mandato: ela foi a primeira presidente da Unasul [União de Nações Sul-Americanas]. As indicações são de que o Chile tem intenção de trabalhar mais os temas da América do Sul e as relações com os países da região", avaliou o subsecretário-geral para América do Sul, Central e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antônio Simões.

Além das relações políticas com o Chile, o Brasil também espera aprofundar parcerias bilaterais nas áreas de energia, educação, infraestrutura e direitos humanos. "Nossa ideia é que o Brasil esteja cada vez mais próximo do Chile e estamos felizes de ver o Chile cada vez mais integrado com a América do Sul", acrescentou o embaixador.

Entre os países da América Latina, o Chile é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, com um volume de comércio de US$ 9 bilhões em 2013, atrás apenas da Argentina e do México. Em contrapartida, o Brasil é o principal destino de investimentos externos chilenos, com US$ 22 bilhões investidos no ano passado.

O país andino também tem relações comerciais importantes com o Mercosul, com fluxo de comércio de US$ 16,6 bilhões em 2103.

 

Bachelet assume segundo mandato com alta aprovação popular

 

Oito anos depois de ter passado para a história como a primeira presidenta do Chile, Michelle Bachelet assume terça-feira (11) seu segundo mandato, com alto índice de aprovação popular e muitos desafios. O principal vai ser satisfazer a alta expectativa dos eleitores, que querem uma reforma mais drástica e rápida do sistema educacional.

 No âmbito internacional, um dia após a posse de Bachelet, Santiago vai sediar uma reunião de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul)  para discutir a crise na Venezuela. A Nova Maioria - coalizão de partidos de centro-esquerda que elegeu Bachelet -  está dividida. Os mais conservadores criticam o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pela violência, que resultou em 21 mortes, após os protestos populares contra o desabastecimento e a inflação. A ala mais liberal acredita que o descontrole é fruto de um complô da direita para derrubar Maduro do poder.   

 "O maior desafio de Bachelet vai ser baixar a expectativa do eleitorado: ela poderá fazer algumas mudanças, mas nenhuma tão rápida como muitos esperam", disse em entrevista à Agência Brasil o analista politico Patricio Navia. Um dos empecilhos é a própria Constituição, herdada da ditadura de Augusto Pinochet, que só permite mudanças drásticas com o apoio da grande maioria.

 "Bachelet tem maioria simples na Câmara dos Deputados e no Senado, que lhe permite aprovar uma reforma tributária, para arrecadar mais impostos dos ricos e distribuir melhor a riqueza do país", disse Navia. "Mas ela não tem os dois terços necessários para reformar a Constituição".

Em comparação aos países vizinhos, o Chile é um exemplo: a economia tem crescido, em média, 5% ao ano, o desemprego é baixo e a inflação praticamente inexistente. Nos últimos 25 anos de democracia, o índice de pobreza baixou de 40% para 10%. Mas os chilenos estão muito mais exigentes hoje do que há quatro anos, quando Bachelet entregou a faixa presidencial a Sebastian Piñera - o primeiro presidente de direita desde o retorno à democracia.

Os líderes estudantis, que foram às ruas em 2011 pedindo educação gratuita e de qualidade para todos, já avisaram que vão pressionar até conseguir o que querem.

Uma reforma assim vai levar tempo, diz Patricio Navia, porque o Estado vai ter que assumir demasiados gastos de uma só vez - justamente agora que a economia mundial está crescendo menos. Mas uma reforma que Bachelet pode fazer - e que tem o apoio da oposição - é a reforma tributária.

"O Chile tem uma carga tributária baixa: cobramos cerca de 20% dos lucros das empresas. A ideia é aumentar até 25%, nos próximos anos, e usar o dinheiro para melhorar a situação de quem menos tem", disse Navia.

 

Fonte: EBC



10/03/2014 14:30


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