Suplicy e ministro chileno discutem renda mínima e maior vínculo entre Chile e Brasil
A importância de os vínculos entre Brasil e Chile serem estreitados e a garantia de renda mínima para todos os cidadãos foram os principais temas da conversa mantida na manhã desta quarta-feira (27) entre o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Eduardo Suplicy (PT-SP), e o ministro das Relações Exteriores do Chile, Ignácio Walker.
O ministro estava acompanhado do embaixador do Chile no Brasil, Oswaldo Puccio, e do diretor de América do Sul do Ministério das Relações Exteriores do Chile, Roberto Ibarra. Advogado e cientista político, Ignácio Walker foi deputado pela Democracia Cristã por oito anos, período em que visitou o Brasil, e assumiu o cargo de ministro há três semanas.
No início da conversa, depois de o ministro observar que o Brasil vive um período de eleições, que haverá eleições municipais no Chile neste domingo (31) e que também haverá pleitos nos próximos dias no Uruguai e nos Estados Unidos, Suplicy lembrou que, há 40 anos, no Brasil, com o golpe militar, houve interrupção das eleições diretas para prefeito, governador e presidente da República. O senador lembrou também que, há 20 anos, foi realizada a campanha Diretas Já e disse que, hoje, há normalidade democrática no país.
- Vivemos intensamente a democracia - observou.
Ignácio Walker afirmou, então, que o Chile passou por uma situação similar, com a interrupção do processo democrático em 1973. O ministro manifestou o interesse do presidente Ricardo Lagos de estreitar os vínculos do Chile com o Brasil e relatou encontros que manteve na terça-feira (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o chanceler Celso Amorim.
O ministro disse ainda que há um processo de aproximação muito grande entre o Chile e o Brasil, e que, na visita de Lula da Silva ao Chile, foi emitida uma declaração conjunta e um plano de ação.
- Dentro desse plano de ação, temos muito interesse em aproximar os Parlamentos - afirmou Ignácio Walker, que manifestou o interesse dos chilenos em receber uma delegação de parlamentares brasileiro e informou que foi criado um grupo parlamentar Chile-Argentina.
Suplicy colocou-se à disposição para colaborar com a aproximação entre os parlamentares chilenos e brasileiros e iniciou uma conversa, então, sobre a lei que garante a renda mínima a todos os cidadãos. O senador explicou, em detalhes, como funciona a concessão de renda mínima e declarou que há um movimento crescente em diversas nações a favor da idéia.
Autor do projeto que resultou na lei da renda mínima, Suplicy informou ao ministro que foi convidado a falar sobre o tema na Argentina e que poderá ir ao Chile, se for do interesse desse país, com o mesmo objetivo. Ignácio Walker formulou vários questões a Suplicy, inclusive sobre o custo financeiro do programa, e ouviu do senador que este representará, aproximadamente, 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
O ministro informou que houve uma redução da pobreza no Chile de 40%, em 1988, para 18%, em 2004, e que ainda persiste, no país, uma grande desigualdade na distribuição da renda - em termos monetários. Se for considerada a renda não monetária (educação, saúde, subsídio para moradia etc) prosseguiu, a desigualdade reduz-se. Ele informou ainda que, no Chile, a força de trabalho é composta de cinco milhões de pessoas, das quais cerca de 500 mil recebem o salário mínimo - equivalente a, aproximadamente, US$ 180.
Ao final do encontro, Suplicy presenteou o ministro com o livro Renda de Cidadania - a saída é pela porta. Ignácio Walker disse que iria ler a obra no avião de volta para o Chile.
27/10/2004
Agência Senado
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