Diplomata que sofreu pressão dos EUA é aprovado para a embaixada em Londres
A Comissão de Relações Exteriores aprovou, nesta terça-feira (11), por unanimidade, a indicação dos diplomatas José Maurício de Figueiredo Bustani, para exercer o cargo de embaixador do Brasil no Reino Unido, e de Luiz Augusto Saint-Bresson de Araújo Castro, para chefiar a embaixada no México. A decisão da CRE precisa, ainda, ser referendada pelo Plenário do Senado.
Ao falar aos integrantes da CRE, Bustani fez questão de agradecer o apoio que recebeu, no ano passado, quando pressões lideradas pelos Estados Unidos forçaram sua saída da presidência da Organização Internacional para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ).
- Depois de ficar um ano sem exercer função no Itamaraty, estou agradecido ao presidente Lula por esta indicação. Em Londres, pretendo seguir à risca sua diretriz de trabalhar para tornar o Brasil uma voz mais atuante na cena internacional, com peso compatível ao seu tamanho geográfico e população, bem como ao seu desempenho dinâmico na diplomacia - disse.
Bustani observou que Brasil e Reino Unido defendem pontos divergentes em relação à crise do Iraque, mas estão unidos na defesa do Mercosul e de sua cooperação estreita com a União Européia. Os dois países querem uma globalização menos perversa que dê oportunidades a todos países de desenvolverem suas potencialidades, explicou.
De acordo com Bustani, o diplomata teve, do governo de Tony Blair, total colaboração durante os anos em que exerceu a presidência da OPAQ. Ele reconheceu que Blair está vivendo um momento crítico, em que seu alinhamento com os Estados Unidos na invasão do Iraque está sendo muito criticado pela opinião pública e setores relevantes da sociedade britânica.
Para o diplomata Luiz Augusto de Araújo Castro, as relações entre México e Brasil são tímidas em relação ao potencial que têm. Ele lembrou diretriz do presidente Lula de buscar o estreitamento das relações com países em desenvolvimento que sejam líderes de suas regiões, como África do Sul, China, Índia, México e Rússia.
Araújo Castro lembrou que a partir de 1º de janeiro de 2004 o Brasil substituirá o México em seu assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
- Embora o México ainda não tenha sido categórico em sua posição contrária à agressão ao Iraque, acredito que esteja inclinado a votar contra, como faria o Brasil se estivesse em seu lugar - disse.
A CRE aprovou, ainda, o nome da diplomata Vera Pedrosa Martins de Almeida para exercer, cumulativamente, ao seu atual cargo de embaixadora junto ao Reino da Dinamarca, a posição de embaixadora junto à República da Lituânia.
11/03/2003
Agência Senado
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