Diretora da Standard & Poor's diz que Brasil melhorou sua classificação de risco soberano devido a mudanças na economia



A diretora de Ratings Soberanos da Standard & Poor"s para a América Latina, Lisa Schineller, disse, nesta terça-feira (22), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que a instituição elevou os ratings de crédito soberano do Brasil este ano, observando que a perspectiva de classificação do país a longo prazo continua positiva.

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As mudanças dos ratings(notas estabelecidas por agências de classificação de risco em relação à qualidade de crédito de um emissor de títulos, seja um governo ou uma empresa), segundo Lisa, refletem a contínua redução das vulnerabilidades fiscais e externas, a transformação que vem ocorrendo no mercado de capitais local e o histórico de compromisso do governo com políticas pragmáticas. Ela citou ainda a expectativa de uma contínua evolução dos indicadores econômicos fiscais externos como fator importante para melhorar a classificação do Brasil no chamado risco soberano, avaliado pela instituição.

A reunião da CAE teve por objetivo debater critérios de classificação de risco, o Risco Brasil e as perspectivas do país para atingir o grau de investimento. Lisa, que trabalha no Brasil há nove anos, explicou para os senadores a diferença entre as avaliações de risco soberano e risco-país. O primeiro avalia o risco de crédito do governo soberano, sua capacidade e disposição para honrar, completa e pontualmente, o serviço de sua dívida. Tem abrangência global e foca-se em fundamentos de médio prazo, ao longo de ciclos de crescimento, de taxas de juros, de commodity e políticos.

Já o risco-país avalia as entidades dentro de um país, incluindo as empresas e os bancos e, dependendo do país, às vezes se relaciona com o risco soberano. O risco soberano tem, no entanto, uma concepção mais ampla e duradoura.

A última avaliação de risco soberano feita pela Standard & Poor"s para o Brasil foi no dia 16 de maio deste ano. A nota estabelecida para o país foi BB. Em 22 de novembro de 2006, a nota alcançada foi B. A nota mais alta da instituição é AAA, vindo em seguida AA; A; BBB; BBB-; BB; B; CCC; CC; C; e finalmente SD ou D, que significa débito (in default). O Brasil subiu, portanto, um andar na escala de classificação da Standard & Poor"s e está exatamente no meio da escala de rating da instituição.

A elevação do Brasil para a categoria de rating BBB é possível, segundo Lisa, mas não é garantida. Ela diz que os ratings do Brasil apóiam-se em uma estrutura macroeconômica consistente, instituições fiscais consolidadas e uma dívida governamental menos vulnerável às flutuações da taxa de câmbio.

Esses fatores, acrescentou, são restringidos por uma elevada carga de endividamento e de juros do governo, pela inflexibilidade orçamentária e por fraquezas estruturais econômicas que limitam os investimentos e o crescimento econômico. Especificamente sobre crescimento, ela destacou que ainda é baixo se comparado a outros países, observando também que o Brasil pode abrir mais sua economia para a exportação.

O compromisso do governo em melhorar ainda mais seu desempenho fiscal foi destacado por Lisa como uma das metas que podem influenciar o país a alcançar melhor performance econômica e chegar à categoria de investment grade nos próximos anos.

Lisa elogiou, no entanto, a política adotada pelo Banco Central, a estabilidade monetária, o baixo nível de inflação e as políticas fiscais adotadas nos últimos anos. Disse ainda que há indicadores que apontam melhora no nível de pobreza e desigualdade social no país, particularmente nas classes C, D e E.

Participaram também da reunião da CAE a presidente da Standard & Poor"s no Brasil, Regina Nunes, e a diretora-gerente da empresa, Milena Zaniboni.



22/05/2007

Agência Senado


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