Disputa por preço do algodão pode levar a crise comercial entre Brasil e Estados Unidos, alerta Valter Pereira



As disputas em torno dos preços do algodão no mercado internacional podem resultar em crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. O alerta foi feito nesta terça-feira (23) pelo presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), senador Valter Pereira (PMDB-MS), logo no início da reunião do colegiado, destinada ao debate de projeto que trata da legislação referente ao trabalho rural.

As discordâncias entre os dois países, informou ele, surgiram com a vitória de pleito brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) - o governo do Brasil, em defesa dos produtores de algodão brasileiros, questionou os subsídios recebidos pelos produtores norte-americanos, que deixavam o preço do algodão brasileiro em desvantagem concorrencial com o produto dos Estados Unidos. Ao acolher a demanda brasileira, a OMC concedeu permissão para que o Brasil retaliasse, comercialmente, outros produtos dos EUA.

Recentemente, o governo brasileiro editou uma medida provisória (MP 482/10) tratando das sanções comerciais aos EUA autorizadas pela OMC. O texto contempla a possibilidade de sanções sobre direitos de propriedade intelectual e sobre o setor de serviços. A MP tramita, atualmente, na Câmara dos Deputados.

Valter Pereira informou ainda que a situação gerou manifestação do novo embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, quanto à possibilidade de seu país contrarretaliar o Brasil. Posteriormente, informou o senador, o embaixador "recuou no tom de seu discurso" sobre o contencioso do algodão,se dispondo - em nome de seu país - a dialogar acerca do problema.

- A decisão da OMC mostrou que o produtor de algodão estava sofrendo prejuízos, por isso o Brasil obteve essa vitória. O tema exigirá muita atenção de todos nós, pois envolve algo em torno de US$ 840 milhões, em uma batalha comercial que pode influir nas relações comerciais do Brasil com os Estados Unidos - alertou Valter Pereira.

Ele acrescentou ainda que a Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, elabora uma lista de produtos norte-americanos passíveis de sofrerem retaliação comercial por parte do Brasil. No entanto, o senador acredita que visita da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, ao Brasil, prevista para a próxima semana, poderá suscitar um acordo comercial entre os dois países.

Fertilizantes

Na reunião da CRA, a senador também criticou os subsídios que recebem produtores rurais de diversos países, para a compra de fertilizantes. Conforme informou, no Brasil, o custo de produção agrícola é onerado em cerca de 40% por conta dos preços dos fertilizantes, tendo em vista que são apenas "três ou quatro empresas fornecedoras, que formam cartéis". Valter Pereira elogiou recente decisão do governo federal de intervir na questão.

23/02/2010

Agência Senado


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