Divulgados nomes de 57 parlamentares suspeitos de envolvimento com a máfia das ambulâncias



Depois de entendimento com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPI) dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), divulgou na tarde desta terça-feira (18) os nomes de 57 parlamentares suspeitos de participar do esquema de fraude nas vendas de ambulâncias a prefeiturascom verbas do Orçamento da União. São 56 deputados e um senador - Ney Suassuna (PMDB-PB).

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- Eles foram notificados a apresentar defesa à CPI, o que não quer dizer que, ao final, algum deles não venha a ser considerado inocente - disse Biscaia, que prometeu divulgar um relatório conclusivo sobre a participação dos parlamentares até o dia 18 de agosto.

O deputado explicou que Gilmar Mendes, relator dos inquéritos que correm no STF contra esses 57 parlamentares, manteve sua decisão de que a CPI não poderá divulgar o teor das informações que foram repassadas pelo Supremo à comissão. O ministro, no entanto, não se opõe a que a CPI divulgue o que a própria comissão apurar, resguardados os limites legais.

- Estamos divulgando os nomes dos que aparecem como suspeitos nas investigações a cargo do Ministério Público, da Polícia Federal e da Corregedoria da Câmara dos Deputados, mas não é conveniente anunciarmos resultados parciais das apurações que estamos fazendo - esclareceu Biscaia.

Ele se negou a indicar a gravidade da suspeita e o que motivou a notificação de cada um, mas disse que a lista de suspeitos foi elaborada a partir da presença dos nomes dos parlamentares em documentos, ligações telefônicas e de suas senhas do Siafi - o sistema de controle e execução do orçamento federal - nos registros da Planam, empresa suspeita de encabeçar o esquema.

O presidente da CPI não excluiu a hipótese de a relação crescer nas próximas semanas, uma vez que em recente depoimento à Justiça de Mato Grosso, o empresário que coordenava a máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam, fez revelações e apresentou provas capazes de implicar mais de pessoas. O próprio Ministério Público, ofereceu denúncias contra 81 "réus". De acordo com Biscaia, além dos 57 parlamentares da lista apresentada nesta terça, há outros oito possivelmente implicados.

O relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), explicou que o foco da CPI no momento é a participação dos congressistas. Já o vice-presidente da Comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), observou que depois do prazo de 60 dias para apresentação do relatório, e de um recesso por conta das eleições, a comissão poderá continuar funcionando, dentro do prazo legal, até dezembro, período que poderá ser utilizado para ampliar e aprofundar as investigações.

O presidente da CPI comprometeu-se a dar o mais amplo direito de defesa aos notificados, que terão de fazê-lo a princípio por escrito, por uma questão de tempo. Os primeiros 15 notificados já enviaram sua defesa, mas um deles alegou no STF que está tendo seus direitos cerceados. As outras 42 notificações seguiram nesta terça.


Veja a lista dos parlamentares investigados



18/07/2006

Agência Senado


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