Documentário "Falcão - Meninos do tráfico" é tema de debate no Senado



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse, nesta terça-feira (4), durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), que o documentário Falcão - Meninos do tráfico, apresenta dois Brasis, com realidades diferentes, e mostra que os jovens brasileiros precisam de oportunidade para não ingressar na criminalidade. Para o senador, educação de qualidade pode contribuir para eliminar as diferenças sociais no país.

- A idéia dos dois Brasis é antiga, e para casar estes dois, só na escola - disse Cristovam.

O senador destacou também que a banalização do tema relacionado às crianças que trabalham no tráfico de drogas no Brasil - apresentado no vídeo e divulgado no programa Fantástico, da TV Globo, em 19 de março - deixa a imagem de que o Estado tem controle sobre a situação, o que, na sua opinião, não existe. O documentário, disse, é importante por trazer para a sociedade e para o Parlamento o sentimento de indignação.

O músico e diretor do vídeo Falcão - Meninos do tráfico, Alex Pereira, o MV Bill, disse que, na elaboração do documentário, preferiu ouvir o depoimento das próprias crianças e adolescentes que trabalham no tráfico de drogas, em vez do de autoridades, como sociólogos e antropólogos. Ele salientou que no vídeo o problema - que não é novidade - é mostrado de dentro das comunidades em que estes jovens estão inseridos.

- As histórias das crianças e adolescentes que trabalham no tráfico de drogas são muito parecidas e parecia que estávamos falando com a mesma pessoa - disse ele

MV Bill afirmou que o problema do tráfico de drogas no Brasil não será solucionado por meio de projetos políticos. Na sua opinião, a criminalidade pode diminuir se os projetos que já existem nas comunidades envolvidas forem incentivados.

- Eu não consigo acreditar que a política vai resolver este problema e, sim, os projetos comunitários, que não têm fins eleitoreiros e estão preocupados com a situação. Se não houver investimento nos projetos que já existem nestas comunidades, não haverá futuro para o Brasil - disse.

Ele destacou ainda que, embora o documentário não fale da questão racial, o tema é abordado por meio do visual, que mostra quem está "neste Brasil, diferente do outro, onde as leis são aplicadas de forma diferente". Bill informou que o documentário é apenas um recorte do filme Falcão - O sobrevivente, que deve ser lançado em outubro.

Sociedade fala

O senador Cristovam, que presidiu a audiência, colocou a palavra à disposição dos representantes da sociedade civil presentes para que participassem do debate sobre tráfico de drogas. Ele lamentou que nem todos os 81 senadores tenham assistido ao vídeo e sugeriu que o documentário seja apresentado em Plenário.

Para a estudante de jornalismo, Ionara Talita Silva, o documentário pode ser um instrumento para levantar o problema e sensibilizar a sociedade. Ionara salientou, no entanto, que a discussão deve buscar soluções.

- Está na hora de ver o jovem como solução e não como problema. O documentário é para ser um soco no estômago da sociedade, e não é só para se sensibilizar, mas para se fazer alguma coisa - afirmou a estudante.

04/04/2006

Agência Senado


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