Dornelles não acredita que Lula vá interferir na mineradora Vale
"A intervenção do governo em problemas específicos de uma empresa privada seria motivo da maior insegurança para aqueles que desejam investir e produzir no país". A observação foi feita pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) ao expressar sua descrença nas notícias de um suposto desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em interferir nos assuntos relativos à mineradora Vale.
Na avaliação do senador pelo Rio de Janeiro, em uma economia de mercado é válida a disputa e rotineiro o conflito de interesses nas empresas. Dornelles considera que, por este motivo, o governo não deve tomar partido de qualquer uma das partes envolvidas nessas contendas. Ele acredita que o espírito público e o respeito à empresa privada que caracterizariam o presidente Lula impedirão que o governo interfira na empresa.
Dornelles comentou que a Vale se transformou em uma empresa global e passou a adquirir empresas não apenas no Brasil, mas em outros países. A empresa, disse o senador, diversificou a sua produção para outros minerais como o cobre e o níquel, e investiu pesadamente em plantas de pelotização que agregam valor à exportação.
De 1943 a 1997, no período em que foi estatal, lembrou Dornelles, a Vale produziu, em média, 35 milhões de toneladas por ano. Quando foi privatizada, em 1997, este número cresceu para 165 milhões e, no período de 2001 a 2008 atingiu a média de 221 milhões de toneladas. Os dividendos pagos à União triplicaram e os impostos pagos aumentaram 22 vezes. Os 15 mil empregados em 1997 hoje são mais de 62 mil.
- No dia de sua privatização, em 6 de maio de 1997, a Vale foi valorizada em 10,4 bilhões de dólares. Quatro anos depois, em 15 de março de 2001, seu valor era menor: 9,2 bilhões de dólares. Nesse período o preço de seu principal produto, o minério de ferro, se manteve estável. Ou seja, o valor da Vale em 1997 manteve-se por quatro anos numa ordem de grandeza que correspondia efetivamente às percepções do mercado de então - afirmou Francisco Dornelles.
Atualmente a Vale tem um valor de mercado de US$ 115 bilhões, mesmo depois da crise que derrubou ações de companhias do mundo todo. Dornelles explicou que apesar de o preço do minério de ferro ter multiplicado 2,8 vezes desde 2001, o que explica o crescimento do capital da Vale em quase 11 vezes no mesmo período é a estratégia de crescimento da companhia adotada desde aquela época e a eficiência de sua gestão.
O investimento médio, que situou-se em cerca de US$ 738 milhões por ano (a preços de 2008), entre 1970 e 2001, evoluiu para US$ 4,5 bilhões, em média, nos últimos oito anos. Somente em 2008 essa cifra chegou a US$ 10,2 bilhões, quase que totalmente em investimentos diretos. Também nos últimos anos a mineradora atraiu para o Brasil US$ 17,3 bilhões em novos projetos siderúrgicos.
14/10/2009
Agência Senado
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