Simon: Lula deveria interferir no caso do ativista cubano em greve de fome



Ao discursar em Plenário nesta sexta-feira (12), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) declarou que "Lula faria um gesto de grandeza" se interferisse no caso do ativista cubano Guillermo Fariñas, que está em greve de fome desde 24 de fevereiro - o ativista exige a libertação de presos políticos cubanos que estão doentes. Simon também disse que Lula deveria pedir desculpas pelas declarações que fez sobre o ativista.

- Lula deveria reconhecer que errou ao comparar presos políticos cubanos em greve de fome com gângsteres e assassinos nas prisões de São Paulo - protestou o senador.

Segundo Simon, Guillermo Fariñas é "um dos grandes nomes da revolução cubana". Citando matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, o parlamentar lembrou que o ativista "considerava-se um filho da revolução, que seu pai lutou com Che Guevara no Congo em 1965 e ele mesmo serviu na campanha de Angola, em 1981".

- E agora Guillermo se encontra em estado grave - frisou Simon, questionando em seguida "como Lula pode ser contra a greve de fome, se ele próprio a fez quando era metalúrgico e lutava contra a ditadura".

Para Simon, Lula está certo quando atribui boa parte dos problemas de Cuba ao embargo norte-americano, mas ressalvou que a atitude correta do presidente seria a de interferir no caso do ativista cubano - e, portanto, na situação dos presos políticos daquele país - e, ao mesmo tempo, cobrar do presidente dos Estados Unidos o fim do embargo. Seria, de acordo com o senador, "uma bela oportunidade para Lula e, inclusive, para que Obama pudesse cumprir sua promessa eleitoral de acabar com o embargo".

- Mas, para fazer esse gesto de humildade, Lula precisa vencer a soberba - afirmou ele, acrescentando que "estão em questão a biografia e o caráter do presidente".

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) concordou com Simon, defendendo também a interferência de Lula. Ele observou ainda que "uma greve de fome longa equivale a uma condenação à morte lenta". Cristovam, no entanto, levantou a possibilidade de que Lula esteja interferindo no caso, mas sem que haja divulgação. Ele disse que, se isso for verdade, o presidente "está prestando um serviço às pessoas, mas um desserviço ao Brasil e à sua biografia, ao dar declarações que desmentem suas ações".

Ao reconhecer que essa hipótese é plausível, Simon disse que Cristovam "tem razão em suas observações, pois se Lula está agindo de forma sigilosa, não está resolvendo o problema dessa forma". 



12/03/2010

Agência Senado


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