Dornelles relembra ação decisiva de Tancredo na História recente do Brasil



Um dos políticos em atividade mais próximos do ex-presidente Tancredo Neves, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) fez um resumo da atuação decisiva de Tancredo, que era seu tio, na História contemporânea do Brasil. Ele lembrou a crise que resultou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954; a crise decorrente da renúncia de Jânio Quadros e a transição democrática de 1984/85. Para Dornelles, os compromissos fundamentais de Tancredo sempre foram a defesa do Estado de Direito, o respeito às liberdades fundamentais e o compromisso com a justiça social. O senador discursou na sessão solene do Congresso em homenagem aos cem anos de nascimento de Tancredo Neves.

O senador Francisco Dornelles, lembrou que, em 1954, como ministro da Justiça de Getúlio Vargas, Tancredo se ofereceu ao presidente para assumir o então Ministério da Guerra, prender os militares rebelados que pregavam o golpe e comandar a resistência democrática. Sete anos depois, Tancredo Neves rejeitou o confronto proposto pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na campanha da legalidade, e conduziu a negociação que permitiu a chegada de João Goulart à Presidência. "Não há incoerência", garante Dornelles. "Mas sim a capacidade de identificar o fato, o momento político", disse.

Dornelles disse que o sistema parlamentarista, com Tancredo Neves como primeiro ministro, funcionou mais na base do "humanograma" do que em bases institucionais, porque não havia clareza institucional sobre as competências do presidente da República e do primeiro ministro. Quando deixou o cargo para disputar eleições, em junho de 1962, Tancredo Neves, segundo Dornelles, disse que seu gabinete de primeiro ministro seria lembrado pela História não pelo que fez, "mas pelo que impediu que fosse feito".

Quando foi convocado pelo PMDB para renunciar ao governo de Minas Gerais e disputar a Presidência pelo Colégio Eleitoral, em 1984, Tancredo pediu que ele, Dornelles, avisasse ao então presidente, o general João Batista Figueiredo: se vencesse as eleições, iria olhar para a frente, porque do passado cuidaria a História. Segundo Dornelles, Figueiredo respondeu: "É uma pena que o doutor Tancredo deixe o governo de um grande estado para sofrer uma derrota galopante no Colégio Eleitoral".

O senador Francisco Dornelles disse ainda que a campanha presidencial de 1984/85 teve momentos "complexos e difíceis", que só foram contornados pela competência e capacidade de negociação de Tancredo, que sabia como ninguém conciliar humildade com firmeza e coragem. "Tancredo Neves realizou a mais eficaz e silenciosa ação política de união nacional e pacificação de toda a História do Brasil", acrescentou o senador.

03/03/2010

Agência Senado


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