DUTRA COMUNICA GREVE DE FOME DE TRABALHADORES DA VALE



Na próxima terça-feira (dia 24), presidentes de nove sindicatos de trabalhadores da Companhia Vale do Rio Doce iniciam em Vitória (ES) uma greve de fome em protesto contra as demissões na empresa, o aumento de acidentes e a adoção de uma jornada ilegal de trabalho. O comunicado foi feito nesta sexta-feira (dia 20) ao plenário pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE), para quem a lucratividade apresentada pela Vale não decorre da privatização, mas da redução no pagamento de juros de empréstimos.Dutra ressaltou que a análise do balanço da empresa entre 1996 e 1998 mostra um grande aumento da lucratividade. O que essa lucratividade esconde, porém, segundo o senador, é a grande diminuição no pagamento de amortizações do empréstimo que possibilitou a instalação do complexo de Carajás.- Em 1995, foram gastos US$ 900 milhões para amortização desse empréstimo. De 1996 a 1998, houve um decréscimo brutal, caindo para US$ 72 milhões neste último ano - disse Dutra.O senador afirmou também que o número de acidentes fatais na empresa cresceu em 30% no último ano e meio, atingindo nove trabalhadores. Em Sergipe, um trabalhador foi soterrado e faleceu em um acidente sem semelhantes desde 1983. Ao mesmo tempo, denunciou o senador, a empresa reduziu seus investimentos em preservação do meio ambiente, diminuiu os recursos da área social e tem desrespeitado os direitos trabalhistas.Segundo o senador, para burlar o turno ininterrupto de revezamento de seis horas, a empresa criou uma jornada fixa de oito horas, seis dias da semana, com uma folga. Assim, em vez do revezamento semanal por cada um dos turnos de seis horas, cada funcionário trabalha sempre no mesmo horário na escala, ampliado agora em duas horas.A greve de fome terá a participação dos presidentes dos sindicatos de trabalhadores da Vale na Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Sergipe e dos três sindicatos existentes em Minas Gerais. O senador afirmou que estará em seu encerramento, previsto para sexta-feira (dia 27), também na capital capixaba. Dutra pediu que documento do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo fosse anexado à comunicação urgente que fez ao plenário. Pelo documento, após a privatização, a Vale demitiu seis mil trabalhadores, diminuindo o número de funcionários de 15.900 para 10.200.

20/11/1998

Agência Senado


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