Dutra obtém de Arruda afirmação que compromete ACM



O ex-líder do governo no Senado José Roberto Arruda (sem partido-DF) disse nesta quinta-feira (dia 3), no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, ter clareza de que o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) estava certo de que o sigilo do painel eletrônico do Senado havia sido violado quando recebeu de Arruda a lista com a identificação dos votos da sessão em que foi cassado o então senador Luiz Estevão, realizada em 28 de junho do ano passado. Segundo o ex-líder, como a lista foi lida pelos dois no gabinete de Antonio Carlos, e este ligou em seguida para tranqüilizar a então diretora do Prodasen, Regina Célia Peres Borges, responsável pela operação fraudulenta, Arruda ficou certo de que Antonio Carlos estava ciente da violação.

A afirmação de Arruda foi dada em resposta a pergunta formulada pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE), que procurou explorar o que disse ser uma "contradição" entre as avaliações de Antonio Carlos e Arruda sobre o que ocorreu no momento da entrega da lista ao ex-presidente do Senado. Este manteve a versão do primeiro depoimento ao conselho: ao pegar a lista, teria tido dúvida sobre a autenticidade do documento, uma vez que não apresentava nenhum timbre e trazia votos que ele considerou surpreendentes, por não combinarem com as posições políticas dos votantes.

As perguntas de Dutra sobre o teor dos telefonemas entre Arruda e Regina levaram à confirmação de que o ex-líder do governo havia perguntado à ex-diretora sobre que membros do grupo de funcionários do Prodasen envolvidos na violação do painel eletrônico sabiam da participação de Arruda no episódio. Já Antonio Carlos confirmou ter dito a Regina a frase "isso é coisa do Arruda", ao ser indagado por ela sobre as notícias dando conta da possibilidade de violação do painel. Mas o ex-presidente do Senado alegou ter imaginado estar respondendo, com aquela frase, a uma dúvida sobre quem teria passado ao jornalista Ricardo Boechat a nota com a informação de que a senadora Heloísa Helena (PT-AL) havia votado contra a cassação de Estevão. Arruda queixou-se de que Regina revelava o que considerava serem detalhes verossímeis dos telefonemas trocados entre os dois, mas pouco revelava dos telefonemas trocados entre ela e Antonio Carlos Magalhães.

03/05/2001

Agência Senado


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