DUTRA RELATA ENCONTRO DO PT



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse hoje (dia 3) que, além de ter derrotado a expectativa de que o Partido dos Trabalhadores sairia da reunião rachado, o encontro realizado no último fim de semana serviu para mostrar como o partido está maduro, apesar de ter apenas 17 anos. O senador fez um relato do encontro, lendo o documento dele resultante - "Carta do Rio de Janeiro".

- Naturalmente, houve debates acalorados, próprios de um partido que não tem chefes nem caciques - observou Dutra,definindo o encontro como um debate essencialmente democrático. Ele explicou que havia um número de delegados seguidores do entendimento de que o candidato à sucessão presidencial devia ser Luís Inácio Lula da Silva.

Simultaneamente, conforme o senador, havia os que achavam que o arco de alianças do partido devia limitar-se às legendas tradicionais de esquerda, salientou. "Mas o que resultou disso foi uma resolução que leva em consideração a gravidade do momento. O PT demonstrou que quer debater com os aliados sem levar para eles o prato feito, visto que mais importante que discutir o candidato é discutir o programa de governo", esclareceu.

José Eduardo Dutra afirmou que foi num gesto de maturidade que o PT decidiu não apresentar desde já candidato a presidente da República. "Resolvemos que nosso partido tem diversas pessoas que se enquadram nesse perfil, mas não queremos condicionantes ou imposições em relação a nomes", frisou.

Em seguida, ele leu a "Carta do Rio de Janeiro", na qual seu partido compromete-se a desencadear um amplo debate nos estados e organizações da sociedade, a fim de criar uma dinâmica capaz de "produzir um forte movimento político-cultural que impulsione uma grande virada no país".

Em apartes, o senador Sebastião Rocha (PDT-AP) cumprimentou o PT pelo resultado do seu encontro, e disse que, se os partidos conservadores se unem em torno de seus candidatos, os da oposição devem fazer o mesmo. A senadora Júnia Marise (PDT-MG) classificou a iniciativa do PT como "uma lição de como se faz democracia". O senador Eduardo Suplicy destacou a necessidade de aliança das oposições, depois que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadaniadecidiu pela extinção do segundo turno para governadores e prefeitos. E o senadorHumberto Lucena (PMDB-PB) conclamou o plenário a derrotar essa decisão da comissão.

03/09/1997

Agência Senado


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