ELEIÇÕES MUNICIPAIS SÃO TEMA DO "ENTREVISTA ESPECIAL", NA TV SENADO



O crescimento das oposições, a eficiência da votação eletrônica e o sucesso da reeleição foram apontados como as principais características do pleito municipal deste ano pelos três participantes do programa Entrevista Especial, apresentado pelo jornalista Fernando César Mesquita, que foi ao ar pela TV Senado no final de semana e será reprisado nesta segunda-feira (dia 9), às 11 horas.

O cientista político Paulo Kramer e os jornalistas Ricardo Noblat e Tereza Cruvinel também estiveram de acordo em relação ao que consideram uma lacuna do quadro político pós-eleitoral: nem as oposições, nem a aliança governista dispõem, no momento, de nomes fortes para a disputa da Presidência da República, em 2002.

De um lado, apontaram, as oposições se fortalecem principalmente com o crescimento do PT, que disputa o segundo turno em cidades importantes como São Paulo e Recife, mas ainda hesita em lançar mais uma vez a candidatura de Luis Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. De outro, a aliança governista sai das eleições municipais com mais da metade dos votos sem ter encontrado um nome capaz de enfrentar as oposições dentro de dois anos.

- Por sobrevivência política, PSDB, PFL e PMDB devem continuar juntos em 2002, mas esses partidos não têm nomes fortes para disputar a presidência - afirmou Noblat, editor do jornal Correio Braziliense. "E o PT, que tem um elenco de candidatos, tende a lançar o nome até agora reprovado nas urnas, que só faz perder votos desde 1989", comparou.

Ao analisar os números do pleito, a jornalista Teresa Cruvinel, de O Globo, disse que o PT passou a ser um dos quatro grandes partidos brasileiros - junto com PSDB, PFL e PMDB. "Entrou para o clube das grandes forças políticas", afirmou. Dentro da base governista, avaliou, o PFL conseguiu se expandir nos centros urbanos, enquanto o PSDB teve de se contentar com prefeituras de capitais menos expressivas e o PMDB continuou em seu "lento declínio".

- O PMDB e o PSDB iniciaram um processo de arenização - observou Paulo Kramer, da Universidade de Brasília, referindo-se ao eleitorado predominantemente de pequenas cidades que caracterizava a antiga Arena, partido ligado ao regime militar encerrado em 1985.

Os entrevistados fizeram uma avaliação positiva do instituto da reeleição. Antes do pleito, lembraram, muitos parlamentares previram o uso da máquina administrativa pelos prefeitos que se candidatavam a um novo mandato. Apurados os votos, porém, nenhum grande escândalo foi noticiado e apenas uma parcela dos prefeitos candidatos teve sucesso na tentativa de se reeleger.

O voto eletrônico também foi elogiado pelos participantes do programa, por ter reduzido as possibilidades de fraudes na contagem dos votos. "Foi um exemplo fantástico de eficiência da Justiça Eleitoral", disse Ricardo Noblat. Os três ressaltaram, porém, a necessidade de aperfeiçoamento da legislação eleitoral antes das eleições de 2002. "Algumas mudanças poderiam ser adotadas já, como o voto em listas partidárias fechadas para a Câmara, o que aumentaria o comprometimento dos deputados com seus partidos e dificultaria a ação dos lobbies no Congresso", defendeu Tereza Cruvinel.

06/10/2000

Agência Senado


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