Em debate sobre Jogos de Pequim, especialistas defendem ênfase na formação de novos atletas



O investimento na formação de novos atletas e uma maior vinculação entre as políticas públicas nas áreas de esportes e de educação foram as principais recomendações apresentadas nesta terça-feira (14) em audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), para debater o desempenho da delegação brasileira nas Olimpíadas de Pequim. Também foram feitas críticas à falta de representatividade e de transparência das entidades esportivas do país.

Ao abrir a reunião, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), presidente da CE, disse que a audiência serviria para "discutir o futuro", ou seja, como levar o Brasil a ter um melhor desempenho já a partir das Olimpíadas de Londres, em 2012. Um desempenho, como observou, que seja digno da dimensão econômica do país.

O empresário Lars Grael, velejador e ex-secretário nacional de Esportes, disse considerar "simplista" a análise do desempenho de um país nos Jogos Olímpicos apenas a partir das medalhas que conquistou. A seu ver, também devem ser levados em conta critérios como o número de atletas classificados e o número de finalistas.

- O Brasil não fracassou em Pequim, mas esteve aquém do patamar que gostaríamos, apesar dos maiores investimentos no esporte - avaliou Grael.

O maior problema do esporte nacional, para o velejador, está na base, ou seja, na falta de uma política de universalização do esporte. Ele lamentou não ter visto, no recente lançamento do PAC da Educação, nenhuma política de valorização da educação física. Grael criticou ainda a falta de participação dos atletas nos processos decisórios das políticas esportivas e os mandatos ilimitados dos dirigentes de federações e confederações.

A ex-jogadora de basquete Maria Paula Gonçalves, atual coordenadora de gestão de Esportes de Alto Rendimento da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação da prefeitura de São Paulo, foi mais crítica em relação à participação brasileira em Pequim.

- Temos no esporte atualmente verbas de Primeiro Mundo e planejamento de Terceiro Mundo - lamentou Magic Paula, para quem deve haver maior fiscalização da aplicação de recursos públicos.

Na opinião da ex-jogadora a estrutura do esporte nacional pode ser considerada "arcaica e feudal". O esporte, a seu ver, deve ser objeto de uma "política de Estado", que tenha como prioridade o investimento na base.

Para o professor Fernando Franco Ferreira, do Centro de Estudo de Atletismo do Distrito Federal, o país dispõe de instalações esportivas suficientes para a formação de novos atletas. Faltariam, porém, recursos humanos. Os novos professores de Educação Física, observou, estão preferindo dirigir-se às academias do que às escolas.

Único representante do governo federal, o diretor do Departamento de Excelência Esportiva e Promoção de Eventos do Ministério do Esporte, Herval Barros, afirmou que "não houve necessariamente um fracasso do Brasil nas Olimpíadas". Ele admitiu que se deve dar maior ênfase ao planejamento e informou estar em andamento em sua pasta o projeto Top 10, cujo objetivo é o de incluir o Brasil entre as 10 maiores potências esportivas do planeta até 2016, quando os Jogos Olímpicos poderão ser realizados no Rio de Janeiro - que disputa a indicação para o evento com Tóquio, Chicago e Madri. A comissão realizará ainda uma nova audiência sobre o tema.



14/10/2008

Agência Senado


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