Em Itapevi, caça-níqueis viram computadores para uso escolar
Estagiários do Programa Primeiro Emprego montam os equipamentos
Uma iniciativa da prefeitura de Itapevi, na Grande São Paulo, pode sinalizar a solução para um problema que atrapalha as delegacias de polícia há cerca de um ano. A partir de projeto apresentado pela Secretaria da Educação do município, algumas máquinas caça-níqueis apreendidas, que ocupavam espaço no pátio das delegacias, estão sendo transformadas em computadores convencionais. Dessa forma, tornam-se úteis para crianças e adolescentes da rede pública de ensino.
Inicialmente, seis máquinas foram modificadas e funcionam na sede da secretaria, mas a previsão é que 40 novos computadores sejam montados e distribuídos por entidades e instituições de ensino.
A Secretaria da Educação apresentou a idéia ao delegado titular de Itapevi, Lupércio Antônio Dimov, em novembro do ano passado. Ele gostou do projeto e fez uma representação para a juíza corregedora, em dezembro. No mês seguinte, o programa foi iniciado, com autorização da Justiça. “Foi rápido, pois todos perceberam os benefícios. Além de oferecer computadores aos alunos por preço acessível, criamos mais espaço no pátio da delegacia”, afirma. Segundo Dimov, a delegacia da cidade apreendeu, apenas em 2007, cerca de 500 máquinas caça-níqueis.
Reciclagem vantajosa – O diretor do Departamento Educacional de Itapevi, Fábio José de Andrade, conta que os responsáveis por restaurar os equipamentos são os próprios estudantes do ensino público, estagiários do Programa Primeiro Emprego. “Dez estagiários trabalham no projeto, em setores diferentes. Alguns na montagem, outros na parte técnica, de hardware, etc. A intenção é aumentar o número de estudantes conforme formos recebendo mais máquinas”, avisa.
De acordo com Andrade, nem todas as máquinas podem ser aproveitadas integralmente, pois muitas foram danificadas ao ficarem expostas nos galpões, sem cuidados específicos. “Às vezes precisamos de dez delas para fazer um computador. Temos de juntar as peças de uma com as de outra”, explica. Mesmo assim, a reciclagem é vantajosa: “O nosso custo para cada unidade é de R$ 90. A máquina já vem equipada com monitor, placa, memória, caixa de som. Só tiramos os softwares dos jogos de azar e instalamos mouse e teclado”.
Apreensões
Em abril de 2007, mandado expedido pela Justiça determinou que a polícia do Estado se empenhasse em lacrar todas as máquinas caça-níqueis em funcionamento. Aproximadamente 37,7 mil equipamentos apreendidos na capital desde o início do ano passado (que aguardam determinação da Justiça para serem destruídos) ocupam galpões e pátios das delegacias. O delegado Dimov acredita que a alternativa pode ajudar a polícia a resolver o problema. “A Seccional de Carapicuíba está divulgando o projeto, que pode ser aproveitado por mais gente. Até um juiz da Bahia nos ligou para se inteirar do assunto”, afirma.
Da Secretaria da Segurança Pública
04/30/2008
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