Em meio a controvérsias, Congresso aprova verba para o avião presidencial



A compra do avião presidencial à Airbus, no valor de R$ 159 milhões, provocou intenso debate durante a sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (13), mas foi aprovada contra os votos do PDT, PFL e PSDB. No total, os créditos aprovados pelo Ministério da defesa somaram R$ 299,7 milhões - R$ 159 milhões para o Airbus presidencial e o restante para outros 17 aviões e para o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), este último programa beneficiado com R$ 50 milhões. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), por exemplo,  protestou contra a aprovação da matéria. Ele classificou a compra do avião de “símbolo da descomunal insensibilidade humana do governo Lula”, chamando a atenção para o “luxo” da aeronave. Segundo o deputado federal Pauderney Avelino (PFL-AM), o governo já havia destinado os recursos para a compra do avião, sem a autorização do Congresso. Em sinal de protesto, os deputados Laura Carneiro (PFL-RJ) e Alberto Goldman (PSDB-SP) mostraram fotos do novo avião e o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) classificou a compra de “luxo desnecessário”. Já o deputado federal Ricardo Barros (PP-SP) disse acreditar que a compra do avião é necessária para a segurança do presidente da República e que os próximos presidentes continuarão usando o Airbus. No entanto, ao declarar seu voto favorável, criticou a ordem de prioridades do governo, que, a seu ver, deveria colocar em primeiro lugar a área social, e não a compra de aviões. Contrapondo-se aos críticos do negócio com a Airbus, o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) disse que, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso usou R$ 30 bilhões para “socorrer os banqueiros”, não se levantaram no Parlamento as vozes que agora reclamam da destinação de R$ 159 milhões para a compra de avião, que a seu ver, é necessário. Valverde referiu-se ao Proer, programa de recuperação de bancos quebrados. O deputado João Leão (PL-BA) lembrou que o atual avião presidencial, o “Sucatão”, já tem 50 anos. - O presidente não pode descer com o Sucatão em Nova York, gente. Ele é obsoleto - disse o parlamentar. O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que não podia ficar silencioso em relação ao tema e considerou falhos os argumentos do governo para justificar a compra. - Não é verdade que em três anos a economia com o avião pagará o investimento. Quanto ao Sucatão, Fernando Henrique e José Sarney viajaram o mundo inteiro em aviões de carreira – afirmou Heráclito. No entender do líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), o discurso da oposição contra a compra do avião é “inconsistente”. De acordo com ele, o avião não é para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas sim para o governo. Bezerra disse inclusive que já correu riscos ao viajar, quando ministro de Fernando Henrique Cardoso, no atual avião presidencial, apelidado de “Sucatão”. O relator da matéria, senador Sibá Machado (PT-AC), também defendeu a aprovação dos créditos destinados ao Ministério da Defesa e à compra do avião. -É um Brasil novo, e o avião novo é símbolo disso - afirmou, acrescentando ainda que o governo anterior poderia ter comprado um avião novo por ano, se deixasse de alugar aviões da TAM. A Força Aérea Brasileira (FAB) aplicará R$ 70 milhões desses recursos para comprar sete aviões do modelo Brasília que estão sendo devolvidos pela RioSul/Nordeste, do grupo Varig, por inadimplência junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, utilizará R$ 20,16 milhões desse reforço orçamentário para pagar até o final do ano o valor do leasing de dez jatos regionais ERJ-145, que também não estavam sendo pagos pela RioSul/Nordeste.

13/07/2004

Agência Senado


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