Em reunião do Senado na Rio+20, senadores pedem uso racional da água



VEJA MAIS

Na audiência pública que a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) realizou em conjunto com a Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) nesta quarta-feira (20) no Rio de Janeiro, durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o relator da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas (CMMC), senador Sérgio Souza (PMDB-PR), indagou ao diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes se não era hora de o Brasil implantar um Plano Nacional de Irrigação. O dirigente da empresa estatal respondeu ser preciso muito mais que isto. Para ele o Brasil, assim como outros países, precisa desenvolver uma inteligência para lidar com a utilização da água.

Em sua palestra, o diretor da Embrapa citou o professor da Universidade de Brasília, Donald Sawyer, que, no mesmo local no dia anterior, defendeu uma Convenção Mundial sobre a Água, nos mesmos moldes em que há, hoje, uma Convenção sobre a Biodiversidade.

Sérgio Souza também perguntou ao outro palestrante, o indiano Arunabha Ghosh – diretor executivo de Conservação de Energia, Meio Ambiente e Águas de Nova Delhi – se a água é um bem finito ou não. O convidado das Comissões respondeu que mesmo um bem renovável, como água, pode se esgotar com o uso predatório. Em sua palestra, o indiano mostrou o desenvolvimento das políticas de uso da água na Índia, que promovem o envolvimento de produtores rurais, indústrias e cidades, de forma a otimizar a utilização do recurso, ao mesmo tempo em que estimula a redução do consumo.

Água pluvial

O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) disse a Arunabha Ghosh ter sentido falta, em sua palestra, de uma referência ao aproveitamento da água da chuva. O indiano respondeu que esse aproveitamento é alvo de práticas tradicionais na Índia que remontam a 700 anos. Disse que o governo indiano tem trabalhado no reavivamento dessas práticas tradicionais e incentivado colocação de estruturas de aproveitamento da água pluvial nas cidades, em prédios e condomínios.

Luiz Henrique – que relatou no Senado o novo Código Florestal e é relator da Medida Provisória 571/12, que introduz modificações no texto aprovado no Congresso Nacional – afirmou que a legislação ambiental aprovada no Parlamento “compatibiliza o passado com o futuro”, ao introduzir regras rígidas para a proteção ambiental daqui para frente, ao mesmo tempo em que especifica medidas para recuperação dos danos impostos ao meio ambiente até mesmo por legislações anteriores, como a que instituiu o Pró-Várzea e a que regulamentou a ocupação de terras na região Centro-Oeste.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) indagou a Arunabha Ghosh quais as medidas que o Brasil pode utilizar para proteger e otimizar o uso da água. O administrador público indiano citou o uso de satélites, já amplamente utilizado pelo Brasil para a administração de florestas; e a elaboração de um Código de Eficiência do Uso da Água, com limites para a utilização para cada tipo de consumo.

Ana Amélia assinalou que muitos têm criticado a falta de avanços mais significativos referentes à proteção ambiental no documento final da Rio+20. Para ela, mais importante do que qualquer recomendação oficial, é o engajamento da sociedade nas discussões provocadas pela Conferência. Disse que se referia, inclusive, a uma ruidosa manifestação que, àquele momento, era realizada a poucos metros da sala onde acontecia a reunião da CMA e da CRA.

Perímetros urbanos

Outro a falar na reunião foi o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), que manifestou apoio à proposta de reservar 20 metros quadrados de área verde para cada habitante em perímetros urbanos. Casildo Maldaner disse que a preservação de cursos fluviais em áreas urbanas, além de proteger o meio ambiente, será eficiente também na prevenção de catástrofes, uma vez que a inundação de rios é uma das principais causas de destruição urbana.

Também participaram da reunião os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Roberto Requião (PMDB-PR). O senador Blairo Maggi (PR-MT), que foi ao Rio de Janeiro para participar da Rio+20, não pôde comparecer à reunião, pois está hospitalizado em virtude de uma diverticulite.

Chefes de Estado

Tão logo terminou a sessão, os senadores se retiraram, para participar da cerimônia de abertura oficial da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Rio+20, com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff. Em seu pronunciamento, a presidente citou a presença, no evento, do senador Fernando Collor (PTB-AL) – autor, no Senado Federal, do requerimento que resultou no pedido do Brasil à Organização das Nações Unidas para a realização da Conferência –, na condição de ex-presidente da República.

Ao final da reunião, em entrevista à Agência Senado, o presidente da CRA, senador Acir Gurgacz (PDT-RO) afirmou que a realização da audiência pública conjunta das comissões durante a realização da Rio+20 “marca a posição do Senado e a preocupação da Casa em relação à produção de alimentos, à proteção ao meio ambiente e ao combate à fome, não só no Brasil como também fora do Brasil”.



20/06/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


No Dia Mundial da Água, senadores pedem melhor gestão de recursos hídricos

Mutirão Azul estimula uso racional da água em SP

Alckmin dá início ao Programa de Uso Racional da Água

Alckmin dá início ao Programa de Uso Racional da Água

Começa debate sobre uso racional da água

Programa de uso racional da água chegará a mais de 1.500 escolas