Em sessão de cinco horas, Senado começa a cumprir pauta prioritária



VEJA MAIS

O Senado deu início, nesta quarta-feira (26), às votações da pauta prioritária definida pelo presidente Renan Calheiros e líderes partidários. As primeiras propostas aprovadas foram o novo modelo de partilha do FPE (PLS 240/2013 – Complementar) e a classificação da corrupção como crime hediondo (PLS 204/2011).

A sessão extraordinária, aberta pouco após as 13h, seguiu até as 18h30, apesar de manifestações e da realização, em Belo Horizonte, do jogo entre Brasil e Uruguai.

Primeiro item da pauta, a partilha do Fundo de Participação dos Estados (FPE) foi aprovada com uma única mudança feita pela Câmara dos Deputados, em relação à proposta enviada pelo Senado na semana passada.

Pelo texto, que vai à sanção presidencial, os recursos do FPE serão distribuídos segundo os critérios atuais até 2015. A partir de 2016, cada estado terá garantido um repasse mínimo igual ao valor recebido em 2015, com a variação acumulada do IPCA, mais 75% da variação real do PIB no período.

Os valores que excederem o mínimo serão distribuídos de acordo com critérios de população e inverso da renda per capita. De acordo com a mudança feita pela Câmara, acolhida pelo relator Walter Pinheiro (PT-BA), a União só poderá oferecer desonerações nos dois impostos que compõe o FPE (Imposto de Renda e IPI) na proporção da parte que lhe cabe.

Em seguida, os senadores votaram o projeto do senador Pedro Taques (PDT-MT) que inclui a corrupção ativa e passiva entre os crimes considerados hediondos, que têm restrito o acesso a benefícios como livramento condicional e progressão de regime. Emendas do relator da matéria, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), e do senador José Sarney (PMDB-AP) acrescentaram à lista os crimes de peculato, excesso de exação e homicídio simples.

Senadores consideraram que, com a aprovação do projeto, que segue para exame na Câmara, o Senado ouviu os pedidos da população. Renan Calheiros disse que a classificação da corrupção como crime hediondo é uma das “unanimidades estáticas” do Parlamento – temas polêmicos que acabam não avançando.

Outras propostas

A votação dos projetos prioritários pode continuar já nesta quinta-feira (27). Uma das propostas na pauta, aprovada na terça pela Câmara dos Deputados, é a que destina 75% dos royalties do pré-sal à educação e 25% à saúde (PLC 41/2013).

Também podem ser votados nos próximos dias duas propostas voltadas ao fortalecimento da saúde pública. A PEC 34/2011, do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), cria a carreira de Estado de médico, com dedicação exclusiva ao Sistema Único de Saúde (SUS). Já a PEC 36/2011, do senador Humberto Costa (PT-PE), institui um serviço civil obrigatório para médicos formados em universidades públicas ou que tenham usado financiamento público.

Na pauta voltada à administração pública, estão a PEC 6/2012, de Pedro Taques, que exige “ficha limpa” para ocupação de cargos comissionados e funções de confiança, e as PECs 53/2011 e 75/2011, de Humberto Costa, que prevem a pena de demissão para juízes e promotores condenados por corrupção.

A garantia de passe livre a todos os estudantes do país, condicionada à comprovação de matrícula e frequência, conforme proposta de Renan Calheiros (PLS 248/2013), é outra matéria que pode ser examinada.

Manifestações

Nesta quarta-feira, Renan Calheiros recebeu com outros senadores representantes de movimentos sociais como Acorda Brasília, Ocupa Brasília, Marcha do Vinagre e Sou Ativista, além de líderes da UNE e da Ubes. No entanto, eles não apresentaram nenhuma pauta de reivindicações, o que deve acontecer em nova reunião nesta quinta-feira.

Mais cedo, os representantes dos movimentos estiveram com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, apresentando pedidos como mais investimentos em saúde, educação e segurança pública, fim do voto secreto no Congresso e melhorias imediatas no transporte público.

Apesar da previsão de cerca de 50 mil pessoas, feita pela Polícia Militar durante a semana, o protesto desta quinta diante do Congresso foi relativamente pequeno. A estimativa é de que, desde o início da tarde, o número de manifestantes – que flutuou bastante – não tenha passado de 5 mil.

No entanto, houve confusão pouco depois das 21h, com pessoas lançando rojões na direção da polícia, que respondeu com bombas de efeito moral. Alguns manifestantes foram detidos e os remanescentes começaram a se dispersar.

Entre as manifestações realizadas ao longo do dia, uma ação da ong Rio da Paz pôs 594 bolas no gramado diante do Congresso – representando os 513 deputados e 81 senadores –, que foram chutadas na direção do prédio pouco antes das 17h. Um grupo realizou um abraço simbólico ao Estádio Nacional Mané Garricha. Os gastos públicos com a Copa do Mundo são uma das principais reclamações dos protestos em todo o país – o custo do estádio de Brasília foi de quase R$ 1,3 bilhão.



26/06/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Depois de sete horas de votação, avança pauta prioritária do Senado

Senado prorroga sessão por cinco horas para permitir leitura da MP dos Portos

Senado responde a reivindicações populares com pauta prioritária

Em 'resposta às ruas', Senado prossegue com pauta prioritária

Agência Senado lança página especial sobre manifestações e a pauta prioritária

No dia 27, sessão do Senado será às 10 horas