Em simpósio, ministro aborda integração sul-americana
O encerramento do 4º Simpósio de Relações Internacionais do programa de pós-graduação San Tiago Dantas foi marcado por palestra do ministro da Defesa, Celso Amorim. O evento ocorreu na última sexta-feira (8), no Memorial da América Latina, na capital paulista.
Cerca de cem estudantes assistiram à exposição do ministro, que relatou a participação do Brasil no contexto político mundial. O programa de pós-graduação completa dez anos e é apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Amorim, inicialmente, lembrou o trabalho desenvolvido pelo então ministro de Relações Exteriores do governo do ex-presidente João Goulart, Francisco Clementino de San Tiago Dantas, que defendia uma política externa independente.
O ministro ressaltou também as iniciativas históricas do país para a integração da América do Sul, especificamente, quando foi chanceler, nos governos dos ex-presidentes Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva.
“A ideia, operativamente, começou em outubro de 1993, no Chile, numa reunião do Grupo do Rio. O que parecia ser viável naquele momento [devido às várias realidades econômicas] não era um mercado comum. O que podíamos fazer, no âmbito da América do Sul, era uma área de livre comércio. Em termos de integração, uma opção B”, disse Amorim.
De acordo com o ministro, as áreas de livre comércio vão e vem, desaparecem ou reaparecem. Já os mercados comuns e as uniões aduaneiras, criam cimento. Porém, segundo avaliou, “por mais imperfeito que seja o nosso processo de integração do Mercosul, ele criou uma densidade de relações muito forte”.
Ainda de acordo com Celso Amorim, em sua conversa com os alunos e professores, “política externa não se faz só com ideias e discursos, mas também com muito esforço físico. Um desejo de fazer com que as coisas aconteçam, de levar mensagens a outros. A integração política passa pela integração econômica”.
E, neste sentido, o ministro ressaltou o trabalho do ex-presidente Lula, que se empenhava em ver uma América Latina unida, além do Caribe e dos países africanos, dialogando com parceiros e vizinhos, e outros do Oriente Médio.
O titular da Defesa destacou, positivamente, o empenho do Brasil e da Turquia, em negociações passadas, com relação ao programa nuclear do Irã. “O Brasil, junto com a Turquia, participou, naquele momento (governo Lula), do grande jogo da política internacional.” Apesar de considerar uma ação complexa, o ministro acredita, hoje, numa solução mais promissora para a questão.
Defesa
Para Amorim, o País tem procurado enfatizar a integração sul-americana, inclusive, com iniciativas na área da defesa, como o fortalecimento de uma base industrial na América Latina, a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e projetos como o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) regional com fins de reconhecimento e cartografia, sem o uso de armas.
A participação do Brasil no comando de uma força-tarefa marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) é outra iniciativa que demonstra a capacidade e a importância do País no cenário global. Amorim acredita que a integração passa por grandes projetos econômicos em comum, que podem ser financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em determinado momento da conversa, o ministro foi enfático ao afirmar sobre o tema defesa “que só a China e a Rússia possuem mais vizinhos do que nós”. Disse ainda que o País é provedor de paz, e trabalha com dois conceitos: cooperação e dissuasão. “O Brasil possui a maior margem Atlântica, então, não dá para o para o País ter um perfil baixo”, declarou. Ao final do evento, o ministro respondeu algumas perguntas dos estudantes.
Fonte:
11/11/2013 15:03
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