Embaixadores dos EUA e do Reino Unido defendem uso da força contra Saddam Hussein



Em audiência reservada na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), nesta quinta-feira (3), os embaixadores dos Estados Unidos, Donna Hrinak, e do Reino Unido, Roger Bone, apresentaram as razões que levaram seus países à guerra contra o Iraque. Hrinak concentrou seus argumentos no fato de o presidente do Iraque, Saddam Hussein, ter, nos últimos 12 anos, desrespeitado a vontade da comunidade internacional e 17 resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Roger Bone, por sua vez, disse estar seguro de que a Resolução nº 1.441 do Conselho de Segurança dá sustentação jurídica à intervenção no Iraque.

- Ninguém quer a guerra. Mas os Estados Unidos, o Reino Unido e uma coalizão formada por quase 50 nações se comprometeram a garantir as resoluções da ONU para desarmar o Iraque e libertar o seu povo da tirania de Saddam Hussein - afirmou a embaixadora norte-americana, que apresentou uma lista de armas de destruição que, segundo estimativas da ONU, estariam sendo escondidas dos inspetores.

Hrinak também apresentou a forma como os Estados Unidos analisam as mudanças no mundo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Ela considera que as lideranças internacionais têm falhado nos esforços de manter armas de destruição em massa fora do alcance de terroristas.

- A maneira de lidar com tiranos é combatê-los. Sabemos disso porque sofremos na própria pele. Reconhecemos que muitas pessoas sérias deste hemisfério têm opinião diferente sobre o assunto e respeitamos seu ponto de vista - declarou, minimizando as diferenças entre a posição do Brasil e dos Estados Unidos frente à ONU e à guerra, limitando-as às táticas e não aos objetivos.

Hrinak afirmou que -nem todos em Washington concordam com a posição do Brasil-, mas, depois de explicar às autoridades norte-americanas a tradição pacifista brasileira, a embaixadora disse que há um melhor entendimento da reação do governo brasileiro à guerra. Ela lembrou que Brasil e Estados Unidos têm uma grande agenda em comum e se colocou à disposição do Senado para discutir ações conjuntas nas áreas de meio ambiente, combate ao narcotráfico e erradicação da pobreza.

O embaixador do Reino Unido ateve-se ao embasamento legal, no direito internacional, para o uso da força no Iraque. Bone ofereceu aos senadores da CRE parecer do procurador-geral do Reino Unido apresentado no último dia 17 de março, que interpreta que a falha do Iraque em atender as resoluções da ONU restauraria a autorização, dada em 1990, para uso da força contra o Iraque.

- Todos aqui tenham ciência dos esforços diplomáticos do Reino Unido para permitir ao Iraque cumprir suas obrigações. Infelizmente, não deram os frutos desejados. Um dos argumentos defendia a idéia de que os inspetores precisavam de mais tempo. Tempo não era a questão. Saddam teve vários anos à sua disposição. O que faltou foi cooperação - disse Bone, explicando que a guerra visa salvaguardar a estabilidade geopolítica a longo prazo.

Bone e Hrinak não convergiram, no entanto, na análise sobre como será a administração do Iraque pós-guerra. Enquanto o embaixador do Reino Unido foi enfático no compromisso de retirar as tropas da região do Golfo Pérsico -assim que possível- e buscar amplo apoio internacional para a reconstrução do Iraque, com um fundo sob os cuidados da ONU, sua colega norte-americana disse que a reconstrução do país será levada a cabo pelos Estados Unidos e seus parceiros.



03/04/2003

Agência Senado


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