Emilia lamenta que procuradora tenha sido levada a deixar o caso Galdino
- Colegas da promotora no Ministério Público afirmam que ela está sendo ameaçada por parentes dos réus. É impossível que neste país forças ocultas ainda continuem tentando manipular decisões e que os poderosos busquem muitas vezes confundir a verdade. A impunidade é algo que deve ser combatido - afirmou Emilia.
O assassinato de Galdino, índio Pataxó Hã-Hã-Hãe, ocorreu na madrugada de 20 de abril de 1997, quando ele estava em Brasília para participar das festividades do Dia do Índio. Por não conseguir entrar na pensão onde se encontrava hospedado, abrigou-se para dormir no banco de uma parada de ônibus da avenida W-3 Sul. Um grupo de jovens que voltava de uma festa decidiu, ao ver o índio dormindo, comprar combustível e atear fogo em Galdino, que não resistiu às queimaduras e morreu.
Após classificar o crime como "um dos mais chocantes de que a sociedade tem notícia", Emilia Fernandes lembrou que os quatro rapazes acusados do assassinato nunca estiveram em uma penitenciária comum, mas sim em uma biblioteca desativada. Na opinião da senadora, este foi um privilégio concedido aos jovens por serem "filhos de pessoas influentes".
A senadora registrou ainda os esforços da promotora Maria José Miranda para levar o caso a júri popular. Na primeira decisão sobre o caso, a presidente do Tribunal do Júri, juíza Sandra de Sanches, estabeleceu que o crime era de lesões corporais seguidas de morte - o que levaria os criminosos a serem julgados por um único juiz. A promotora recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, que reformou a sentença. O crime passou a ser considerado hediondo e será julgado por um tribunal do júri, no próximo dia 6.
01/11/2001
Agência Senado
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