Emilia lembra abolição e defende políticas afirmativas para negros
Lembrando os 114 anos da abolição da escravatura no Brasil, a senadora Emilia Fernandes (PT-RS) defendeu a elaboração e aprovação, pelo Congresso Nacional, de políticas afirmativas que revertam o processo histórico de exclusão da comunidade negra. A igualdade de direitos políticos, sociais e econômicos, disse a senadora, "deve vir agora e para todos".
Emilia traçou um paralelo entre o que ocorre hoje e a situação dos negros um pouco antes da abolição. Ela citou discurso do abolicionista José Bonifácio que, em 1823, questionou: "Por que espécie de justiça um homem rouba a liberdade de outro e, ainda pior, a liberdade dos filhos desse homem e dos filhos de seus filhos?". Para a senadora, não há, até hoje, resposta para esta questão. Ela acrescentou que, em vez de liberdade plena, os escravos conseguiram "uma liberdade de fachada", garantida por decreto em 13 de maio de 1888.
- Enquanto a escravidão era "apenas" moralmente errada, ela foi sustentada pelo poder, incentivada pelos donos de terra e suportada como um mal obrigatório por aqueles que tinham alguma consciência. A abolição ocorre na segunda metade do século 19, quando a escravidão torna-se economicamente errada, alterando profundamente o quadro político, econômico e social do país - lembrou.
Na avaliação de Emilia Fernandes, a abolição significou mais uma tábua de salvação para a elite colonial do que benefícios para o negro e forjou uma sociedade desigual, racialmente injusta e ainda muito distante da cidadania plena.
- Em pleno século 21, nossa discriminação hipocritamente camuflada não nos permite respeitar as diferenças étnico-culturais; os inúmeras matizes que formam o povo brasileiro - afirmou.
A senadora entende que é preciso buscar a cidadania, respeitar as diferenças, promover a justa distribuição de riquezas e implantar políticas públicas compensatórias e afirmativas, "a fim de assegurar à maioria da população excluída, violentada e discriminada as condições dignas de vida, saúde, trabalho e educação".
14/05/2002
Agência Senado
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