EMILIA QUESTIONA PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO NA INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIA



Através de dois requerimentos de informação dirigidos, respectivamente, aos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Celso Lafer, e da Fazenda, Pedro Malan, apresentados nesta segunda-feira (dia 28), a senadora Emilia Fernandes (PDT-RS) quer saber se o governo estaria de fato cogitando alterar, por meio de medida provisória, a Lei nº 9.440, que criou o regime automotivo especial do Nordeste. Conforme notícias veiculadas em grandes jornais e em editorial da Folha de S. Paulo, a mudança da lei atenderia a pressões da montadora Ford, que teria condicionado sua instalação na Bahia ao recebimento "de incentivos fiscais para equalizar os custos de infra-estrutura e de distância, que são desvantajosos em relação ao Centro-Sul do país", justificou a senadora em ambos os requerimentos.Para Emilia, os fatos que resultaram na desistência da Ford de instalar-se no Rio Grande do Sul exigem a atenção do Senado, como Casa da Federação que é, principalmente depois das notícias de que o ministro Eliseu Padilha teria interferido, diretamente e em nome do presidente da República, na disputa eleitoral que resultou na derrota de Antônio Britto e na vitória de Olívio Dutra.Conforme relatou a senadora, o governador derrotado negociou as seguintes condições para que a Ford se instalasse no Rio Grande do Sul: o governo estadual garantiria renúncia fiscal e disponibilizaria R$ 210 milhões, mais R$ 440 milhões em obras, muitas "de caráter privado". Entre as obras, Emilia destacou: construção de subestação de distribuição elétrica e de sistema de água e esgotos, incluídas as redes de distribuição interna; duplicação da BR-116; construção de porto privativo para a empresa, com dragagem e aprofundamento do canal do rio Guaíba; e "até mesmo estacionamento interno da empresa".Frente à acentuada redução na receita de ICMS, mesmo antes de assumir o governo, Olívio Dutra procurou revisar o contrato com a Ford, à semelhança do que o Paraná e Minas Gerais fizeram com os contratos firmados com as empresas Renault e Mercedes, enfatizou a senadora.- Apesar disso, e do interesse do novo governo na instalação da montadora no estado, estranhamente, em 28 de abril - mesmo dia em que tomou conhecimento da proposta formal de renegociação -, a Ford informou que manteria a exigência de cumprimento integral do contrato. Tão logo anuncia sua saída do Rio Grande do Sul, a Ford imediatamente passa a contar com total apoio do governo federal, inclusive do presidente da República, para instalar-se na Bahia, desta vez com toda a boa vontade dos organismos oficiais - relatou.É por isso que Emilia perguntou aos dois ministros, em seus requerimentos, se o BNDES assumiu algum compromisso com a instalação da Ford na Bahia e se a empresa contará com incentivos fiscais ou qualquer tipo de redução de tributos federais.Na opinião da senadora, o governo federal, antes "conivente e oficialmente comprometido com a guerra fiscal", depois dos episódios envolvendo a Ford no Sul teria transformado a guerra fiscal em instrumento de política de governo para favorecer alguns estados em detrimento de outros, " à revelia do pacto federativo, ou pior, contra ele".

28/06/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


CRÍTICAS À INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIA SÃO PRECONCEITUOSAS, DIZ NABOR

CONGRESSO APRECIA MEDIDA PROVISÓRIA QUE VIABILIZA INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIA

CONGRESSO APRECIA MEDIDA PROVISÓRIA QUE VIABILIZA INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIA

PARA NABOR, CRÍTICAS CONTRA INSTALAÇÃO DA FORD NA BAHIA SÃO PRECONCEITUOSAS

ACM: FORD NA BAHIA É BOM PARA O NORDESTE

César Borges comemora novos investimentos da Ford na Bahia