Empréstimo do Fundo serviria de aval ao Brasil



O novo acordo firmado entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderá nem vir a ser utilizado pelo Brasil, de acordo com o economista e consultor Raul Velloso, especialista em contas públicas. Entretanto, ao receber o empréstimo de US$ 15 bilhões prometido por aquela instituição, o governo teria importante instrumento para manter a estabilidade do real, desarmando o ânimo dos que especulam com o câmbio. É o que pensa Velloso, ex-funcionário do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Segundo o economista, os especuladores não serão desestimulados apenas pelo volume de dólares à disposição do país. O fato de o governo assinar novo acordo com o fundo servirá como aval ao programa econômico brasileiro, agora que as agências internacionais de classificação de risco (as ratings) atribuem ao Brasil maior risco de inadimplência ou quebra, em razão da crise econômica vivida pela Argentina.

Na opinião do consultor, é difícil impedir que as ratings ponham o Brasil "no mesmo saco" da Argentina. Caberia ao governo brasileiro, por meio de medidas concretas, mostrar o quanto o Brasil se diferencia do país vizinho. Nesse sentido, o acordo com o FMI contribuiria para elevar a credibilidade da economia brasileira.

Dados divulgados pelo Banco Central em junho último indicam que as reservas internacionais brasileiras atingiram a marca de US$ 37,3 bilhões. Desse total, o BC separou US$ 6 bilhões para aplicar em operações antiespeculativas, ou seja, nos leilões realizados para ofertar dólares e controlar a alta exagerada da moeda norte-americana frente ao real. Sempre que as "apostas" contra o real se intensificam, o BC entra no mercado vendendo dólares (ou títulos reajustados com base no câmbio), derrubando, assim, as cotações e evitando maior desvalorização da moeda nacional.

Críticos da atuação do BC argumentam que, ao revelar o volume e o plano de utilização das reservas, o governo cometeu grave equívoco: mostrou ter cacife muito curto contra os especuladores. Com o novo aporte de recursos do FMI, esse quadro mudaria, já que, teoricamente, o "cacife oficial" passaria de US$ 6 bilhões para US$ 21 bilhões. A estabilidade do real estimularia também a entrada de investimentos estrangeiros, contribuindo para reforçar o caixa do país.

13/08/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Empréstimo para o Pantanal recebe aval da CAE

EMPRÉSTIMO DO BID PARA TURISMO NA AMAZÔNIA RECEBE AVAL DA CAE

EMPRÉSTIMO DE US$ 11 MILHÕES DO BID PARA TURISMO NA AMAZÔNIA RECEBE AVAL DA CAE

Paulo Paim anuncia aval do governo para empréstimo do RS

Paulo Paim anuncia aval do governo para empréstimo do RS

Fundo de Aval