Encontro confirma decisão de devolver imóvel
Encontro confirma decisão de devolver imóvel
CPI da Segurança foi tema de reunião estadual do PT
Além de manter as mobilizações de apoio ao governo Olívio Dutra, petistas reunidos na segunda etapa do 15º Encontro Estadual do PT/RS, realizada sábado no Colégio Rosário, em Porto Alegre, decidiram desconstituir aspectos técnicos e jurídicos do relatório da CPI da Segurança Pública.
A maioria das decisões do encontro tem o objetivo de reverter o mau momento que o partido atravessa desde que o Clube de Seguros da Cidadania tornou-se suspeito de receber dinheiro do jogo do bicho, em 1998. Os recursos teriam sido aplicados na aquisição de um prédio e na campanha do PT ao governo do Estado. A compra do imóvel, localizado no centro da Capital, cedido em regime de comodato para o PT, foi investigada pela CPI.
Colocada em votação, a decisão da executiva de desocupar o prédio voltou a provocar discussões. Algumas correntes do partido – a Articulação de Esquerda, por exemplo – defendeu a compra do prédio pelo PT. No final, a decisão da executiva foi confirmada, e a sede será devolvida assim que o partido comprar outro imóvel.
Durante o encontro, foi lançada a campanha de arrecadação de fundos junto aos filiados para a aquisição da nova sede.
Pietroski reeleito no PTB estadual
Convenção foi realizada em Tramandaí
O PTB reconduziu ontem o deputado estadual Iradir Pietroski à presidência do diretório estadual do partido durante convenção realizada em Tramandaí.
A convenção ocorreu depois do 3º Seminário Estadual do PTB, que discutiu metas e propostas administrativas do partido para o Rio Grande do Sul. Os mais de 400 petebistas que compareceram ao encontro assistiram a uma mensagem, gravada em vídeo, do presidente da Assembléia Legisaltiva, Sérgio Zambiasi, que se encontra em missão oficial à China.
O superintendente-geral da Assembléia, Claudio Manfroi, eleito primeiro vice-presidente, relacionou todas as realizações de Zambiasi à frente do Legislativo. Manfroi destacou que, na metade de seu mandado, o presidente já atendeu a todos os compromissos assumidos em seu discurso de posse. Aloisio Classmann ficou com a segunda vice-presidência do partido.
Candidatura racha o PSB
Garotinho enfrenta oposição interna
Um racha no PSB quase inviabilizou o lançamento da candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho, a presidente da República nas eleições de 2002, durante o 8º congresso nacional do partido, realizado no Clube do Servidor, em Brasília.
Previsto para ontem, o lançamento foi antecipado para a noite de sábado – ficando sem espaço na mídia – porque algumas delegações se preparavam para ir embora.
Muitas figuras de peso do partido demonstraram que não concordam – ou não apóiam explicitamente – a candidatura de Garotinho. O governador do Amapá, João Capiberibe, um dos maiores adversários do governador fluminense, esperou apenas a homologação da candidatura para deixar o congresso.
– Estou com dor de cabeça por causa desse barulho – disse.
O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, não compareceu por motivos de saúde, mas mandou uma carta parabenizando a realização do evento. A deputada Luiza Erundina (SP), candidata natural à Câmara dos Deputados, estava no hotel. Teve que voltar às pressas para assistir ao discurso de Garotinho. Nem mesmo o senador Paulo Hartung, recém-filiado no partido e candidato ao governo do Espírito Santo, posou ao lado de Garotinho. A oposição mais explícita, no entanto, partiu do senador Saturnino Braga (RJ). Ele não compareceu ao Congresso e anunciou, de antemão, que se Garotinho fosse o candidato, migraria para o PT.
Comitiva inicia reuniões hoje
Objetivo da viagem é ampliar exportações de carne
A comitiva gaúcha em viagem à China, liderada pelo governador Olívio Dutra, chegou a Pequim por volta das 20h de ontem – manhã pelo horário brasileiro.
Hoje, a missão deverá manter reuniões no Ministério de Comércio e Cooperação Econômica e no Ministério da Agricultura.
Também está prevista para esta segunda-feira uma visita ao Centro Chinês para a Promoção do Comércio Internacional. O objetivo da viagem, que teve início na sexta-feira, um dia antes da data em que o Estado tornou-se novamente apto a exportar carne bovina e suína, é ampliar as possibilidades de exportação do setor e firmar acordos de cooperação técnica na área de sanidade animal.
Amanhã, o secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, participa de um encontro com técnicos da Administração do Estado para Inspeção, Entrada e Saída e Quarentena. Na pauta, a retomada das exportações de carne para a China. Entre janeiro e outubro do ano passado, o Rio Grande do Sul exportou 271 mil quilos de carne bovina e de frango para o país. Em valores, o volume corresponde a US$ 175,9 mil. Os negócios foram interrompidos devido ao surgimento de focos de febre aftosa no Estado, em maio. Em outubro, uma missão de técnicos da União Européia (UE) verificou a situação do rebanho gaúcho e ações do governo do Estado para controlar e erradicar a doença. Os técnicos concluíram que as exportações poderiam ser retomadas a partir do dia 1º de dezembro.
A chegada à capital chinesa ocorreu com mais de 12 horas de atraso. Os integrantes da comitiva desembarcaram do vôo da Varig em Paris (França) sem a bagagem, que não havia sido despachada no Brasil. Por questões de segurança, a Air France não permitiu o embarque com destino a Pequim sem as bagagens. A solução foi um vôo da Air China até Xangai e de lá até Pequim (a distância entre as duas cidades chinesas é de cerca de mil quilômetros). O governador foi um dos únicos que não sofreu com o contratempo, já que sua bagagem se restringia a uma pequena sacola de viagem e alguns ternos protegidos por uma capa plástica.
Festa da mudança da CLT já está marcada
Votação deverá ser amanhã, quando painel voltará a funcionar
O projeto de lei que modifica a legislação trabalhista deverá ir a votação amanhã, na Câmara, e o governo está certo da vitória.
O otimismo é tanto que alguns parlamentares já foram até convidados para uma confraternização na próxima quinta-feira, na Granja do Torto.
Mais do que comemorar a vitória, o Planalto quer reunir nesse encontro aqueles que se mantiveram fiéis ao governo durante a votação de uma matéria impopular.
A falha que levou o painel eletrônico da Câmara a “travar” na semana passada, durante a votação, deverá estar sanada até amanhã. A divulgação dos dados sobre a votação eletrônica mostrou que o governo teria vencido, com um placar de 255 votos a favor, 205 contra e uma abstenção. Também para evitar futuros questionamentos, o painel foi periciado pela Unicamp.
– O governo pode até ganhar, mas corre o risco de não levar – avaliou o deputado Paulo Paim (PT-RS).
Ele explicou que, mesmo vencendo a votação na Câmara, o governo terá dificuldade em obter a aprovação da matéria no Senado:
– Em ano eleitoral, ninguém vai votar a favor desse projeto contra o trabalhador, principalmente porque dois terços do Senado serão renovados em 2002.
A Evita de Jango
Durante seu exílio no Uruguai, o ex-presidente viveu um romance por cerca de seis anos com uma estudante
Por pouco uma outra mulher, e não a ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart, deixou de testemunhar a morte do ex-presidente João Goulart, o Jango, na madrugada do dia 6 de dezembro de 1976.
Antes de viajar para a estância La Villa, em Mercedes, província argentina de Corrientes, Jango ligou insistentemente para Eva de León, com quem mantinha um romance iniciado havia seis anos, no Uruguai.
O caso de amor aflorou n o começo dos anos 70, quando Eva tinha 17 anos. Hoje, ela agradece a Deus por não estar presente naquele dia, quando Jango passou para a história como o primeiro presidente brasileiro a morrer no exílio:
– Deus cuidou de mim. Teria sido horrível emocionalmente, e um escândalo. Imaginem: a amante! Se hoje falam de Eva Perón, o que não falariam de uma menina como eu.
O depoimento revelador foi dado há poucos meses para o deputado federal Luis Carlos Heinze (PPB-RS), que a interrogou durante as investigações da comissão especial da Câmara dos Deputados responsável por apurar as circunstâncias da morte do ex-presidente. Rompendo um longo silêncio, Eva contou detalhes de sua relação com Jango e sobre o estado de saúde do ex-presidente.
Na quinta-feira, Eva concordou em conversar com Zero Hora, por telefone, durante meia hora. Atualmente, aos 48 anos, ela vive em Montevidéu, num apartamento com o marido, com quem está casada há 22 anos, e mais duas filhas gêmeas, de 19 anos. Até hoje, ela guarda fotos do ex-presidente. Garante que conserva também cartas românticas e uma calçadeira (uma obra de arte, segundo ela) de Jango. Jamais tornou público o conteúdo das cartas com relatos íntimos e declarações de amor, além de fotos, que ainda estão espalhadas no interior da sua residência, com o aval do marido.
– O maior presente que Jango me deu foi seu amor – conta Eva, emocionada.
Os dois se conheceram na estrada que liga Maldonado a Punta del Este, quando ela pedia carona. Eva era uma colegial e, naquele dia, tinha decidido não ir à aula. Jango estava passando pelo local, quando parou o carro. Até Punta del Este, os dois conversaram amenidades. Jango reprimiu-a por estar faltando ao colégio. Ela falou que gostava de cavalos, e ele, que tinha estâncias. Quando desceu do carro, pensou:
– Disse pra mim mesmo: “Que velho!” – lembrou Eva, que hoje acha graça daquele impulso de menina.
Apesar disso, passou a visitar as estâncias de Jango, que na época tinha 50 anos:
– Aos poucos, ele foi me seduzindo.
Lendário namorador desde a adolescência, durante toda a vida Jango cultuou a imagem de conquistador. A própria Maria Thereza, com quem mantinha um relacionamento conturbado, sabia de seus envolvimentos, e até admitiu isso em entrevistas, mas sempre dizendo que nenhuma aventura do marido foi séria. Eva, porém, não endossa essa opinião da primeira-dama. O romance dos dois teria durado cerca de seis anos e só acabou com a morte de Jango.
– Não acho que foi apenas uma paixão. Foi um amor puro, fraternal – recorda Eva, chorando.
O romance é confirmado por pessoas próximas de Jango, que mantêm até mesmo a versão dos telefonemas. Jango teria desistido de levar Eva até a estância La Villa porque Maria Thereza se ofereceu para ir. A amante do ex-presidente conta que não foi até a estância porque inauguraria uma loja de roupas femininas naquele dia.
– Se ele ligasse mais uma vez, eu teria ido. Mas ele não ligou. Graças a Deus! – afirma.
João Goulart chamava carinhosamente Eva de Gordinha. Ela, porém, costumava brincar com Jango chamando-o de Senhor Presidente. Com Jango, Eva conheceu os lugares mais elegantes da Europa – Veneza, na Itália, e Paris e Lyon, na França. No Exterior, participou de jantares ao lado de políticos como Darcy Ribeiro e Celso Furtado.
– Nunca falávamos de política. Quando ele se reunia com políticos, eu achava interessante, escutava e aprendia. Mas eu tinha 20 anos e preferia sair às compras do que escutar as conversas – revelou, durante o depoimento dado ao deputado gaúcho.
Eva foi várias vezes a Lyon – até hoje guarda os passaportes – onde Jango costumava fazer seus check-ups numa clínica. Ele já havia sofrido um enfarte e não escondia de ninguém os problemas de saúde. Na França, o ex-presidente, pouco antes de morrer, teria recebido a orientação para emagrecer e parar de fumar – ele adorava os palheiros de fumo zebu, preparados por peões das estâncias. Os médicos também receitaram uma dieta sem carboidratos, mas rica em colesterol. Eva revela que Jango emagreceu bastante, mas em compensação o colesterol teria disparado de maneira impressionante
– Eu creio que foi essa a razão de sua morte – acredita Eva, que várias vezes testemunhou a dificuldade de Jango em subir até mesmo pequenas rampas.
Eva também guarda na memória momentos de angústia do ex-presidente no exílio. Lembra que Jango sonhava em voltar ao Brasil e, por isso, teria se reaproximado do cunhado e ex-governador Leonel Brizola, com quem estava brigado. Eva recorda que, quando ela e Jango iam até Passo de los Libres, de onde era possível avistar Uruguaiana, o ex-presidente ficava horas olhando a ponte que separa as duas cidades:
– Era uma nostalgia de exilado. O sofrimento dele era terrível.
Tumulto interrompe caminhada a favor do capitalismo
Adolescentes que se identificaram como estudantes secundaristas realizaram protesto em meio à comemoração
A caminhada em comemoração ao Dia do Capitalismo, que reuniu cerca de cem pessoas no Parcão, em Porto Alegre, terminou em bate-boca entre os participantes e uma dúzia de adolescentes que se identificaram como secundaristas.
Formado por empresários, profissionais liberais e estudantes, o grupo que festejava o capitalismo caminhou pouco mais da metade do trajeto previsto, acompanhado de perto pelos adolescentes.
Os dois grupos disseram ter lido a convocação para o ato nos jornais de domingo. Um anúncio apócrifo informava que a capital gaúcha seria uma das cem cidades do mundo que estariam participando das comemorações, a partir das 18h30min, sob o nome Caminhada pela Prosperidade.
Apesar de ter enviado material de divulgação do ato para os veículos de comunicação, o presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Pedro Chagas, não se responsabilizou pela organização da manifestação.
– A iniciativa não é de entidades, mas de indivíduos, em defesa do direito à liberdade e à propriedade e do ideário ocidental – disse Chagas.
De acordo com ele, os países que mais evoluíram são os que aplicam esses valores.
– Capitalismo e democracia são as únicas maneiras de levar as pessoas à liberdade e à prosperidade – disse Henri Chazan, vice-presidente do Instituto Liberal no Estado.
Com uma faixa vermelha escrita com letras amarelas, os secundaristas – de escola pública, segundo um deles – se misturaram aos integrantes da caminhada e passaram a gritar refrões:
– Capitalismo é coisa séria, só traz fome e miséria. Reforma agrária, urgente e necessária.
Os participantes da caminhada respondiam:
– Vão trabalhar. Vão estudar.
Quando a caminhada estancou, meninos de rua, que pediam dinheiro aos participantes pouco antes, passaram a carregar a faixa levada pelos adolescentes.
– Taí o capitalismo de vocês – gritaram os jovens, apontando para as crianças.
Investigação sobre assassinato terá reforços
Prefeito de Campinas foi morto há quase três meses
Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai participar, com a polícia de Campinas (SP), das investigações sobre a morte do prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em 10 de setembro.
A entrada do DHPP no caso foi anunciada no fim de semana pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi.
Petrelluzzi, que destacou um delegado, um perito e dois investigadores para iniciarem os trabalhos hoje, negou que tenha sofrido pressão. Na quinta-feira, a viúva do prefeito, Roseana Moraes Garcia, havia telefonado ao secretário, pedindo a entrada do DHPP no caso.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse que vai pedir ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, que a Polícia Federal assuma as investigações. O líder petista diz que não confia no trabalho da polícia pau lista e quer mais atenção para o caso, que vai completar três meses e ainda não está próximo de uma solução.
Artigos
Para não dizer que não sabia
PAULO BROSSARD
O doutor João Salvador Souza Jardim é agricultor no Alegrete. Secretário da Agricultura mostrou-se equilibrado e competente. Conheço-o há muito, foi meu aluno na Faculdade Católica de Direito. Trabalha em campos adquiridos por seus pais, faz meio século. Pois outro dia, exatamente na época do plantio, teve sua estância invadida, com requintes de violência, pelos denominados “sem terra”, conforme plano anunciado pelos meios de comunicação. A imprensa chegou a estampar o mapa do Rio Grande com a indicação dos lugares onde ocorreriam invasões “para forçar o governo a atender suas reivindicações”. Desnecessário dizer que no dia seguinte, 16 de outubro, invasões foram consumadas, diante da absoluta complacência de autoridades federais e estaduais.
Da vítima do esbulho, João Jardim, recebi relato simples e objetivo, que passo a reproduzir: “Além de invadida, foi ocupada em todas as suas instalações, compreendendo 11 invernadas e sete potreiros, quatro poços artesianos com moinhos de vento, uma sede com dois galpões de alvenaria para depósitos de três secadores, peneiras de seleção e limpeza de cereais, oficina mecânica, almoxarifado, ferramentaria, escritório, balança para 60 toneladas, bateria de silos com aeração para 40 mil sacos, 10 casas de moradia de alvenaria, um alojamento para solteiros, com água encanada e luz, arvoredo, mangueiras, bretes e uma escola primária. Uma subsede para trabalho e moradia dos campeiros, quatro casas de alvenaria. Banheiro para gado, um posto para trabalho de inseminação de bovinos e ovinos, além de moradia de duas famílias em casa de alvenaria. Sobre essa empresa rural existe uma rede de alta e baixa tensão, três levantes eletrificados de água, uma barragem para irrigar 350 ha, 13 capões de eucalipto, uma série de canais e drenos para irrigação, ruas transitáveis em toda época do ano. A empresa produz 500 ha de arroz por ano, além de sorgo e azevém, pastejando nela 1,4 mil bovinos, 2,5 mil ovinos, 40 cavalares.
Mantém um plantel de aberdeen angus e ovinos corriedale há cerca de 50 anos. Na propriedade operam duas retroescavadeiras, 12 tratores, quatro colheitadeiras de grande porte, dois caminhões caçamba, grades, arados, semeadeiras, adubadeiras e todo o material de apoio necessário a uma granja organizada. Foram furtados, além de outros ainda não apurados, 25 bovinos e 27 ovinos, cujos couros e peles jogados no banheiro carrapaticida, deterioraram o remédio, ferramentas e peças do almoxarifado, 3,9 mil litros de óleo diesel, utensílios e roupas da residência dos funcionários, que foi arrombada, armas de uso pessoal de funcionários e administração, rádios de comunicação e telefones celulares, semente de arroz, arreamentos de montaria, danificados 250 metros de aramados”. O plantio já atrasado pelo excesso de chuvas foi retardado em seis dias, até que a Justiça o reintegrou na posse de seus bens. Por requinte de malvadeza colocaram terra no tanque de tratores e destruíram o painel de um deles, dos maiores. Este o relato de um homem sério e trabalhador, conhecido em todo o Estado, inclusive por sua atuação como secretário de Estado.
O fato, em sua simplicidade e em sua incivilidade agressiva, daria margem a mil e uma apreciações. Limitar-me-ei a uma ou duas. As invasões ocorridas em outubro foram anunciadas e concretizadas nas regiões indicadas e não houve uma autoridade que tomasse as providências mais elementares para coibir a violência, que, no caso, é definida como crime, o crime de esbulho possessório, seguido de crime de roubo e do crime de dano. A complacência tomou as cores da conivência. Ora, cada violência que se não enfrenta, cada delito que se tolera, é uma semente que se deixa a germinar para males maiores. Ainda bem que, no caso, a Justiça não falhou, mas, como é óbvio, sua ação se fez sentir após o mal consumado. Foi reparadora, dado que tendo o esbulho se concretizado de inopino, por mais de 300 indivíduos, só poderia ser ordenada a reintegração da posse perdida.
O fato, em sua simplicidade e em sua incivilidade agressiva,
daria margem a mile uma apreciações
Mas convém se salientar que o motivo alegado para as invasões é que estas se destinariam a pressionar o governo federal a atender reivindicações dos esbulhadores. Bonita teoria para justificar a violência e o crime, pressionar o governo à custa do alheio, sacrificando o trabalho, o patrimônio, a segurança, o direito de particulares que trabalham e produzem, correndo todos os riscos, contribuindo para o bem-estar da sociedade, seja gerando alimentos preciosos, seja pagando os tributos necessários, e que nada tem a ver com promessas alheias. O pretexto é calvo.
Só um cego não vê que o que vem sendo feito, a implantação de um sistema que visa destruir sistematicamente os valores jurídicos e políticos fundamentais da democracia, o respeito à lei, a segurança da ordem, a confiança na Justiça. Sistema que vem sendo aplicado paulatina, mas progressivamente, por um movimento paramilitar, de eficiência incontestável, insisto em proclamar, que enfrenta sobranceiramente a autoridade da lei e a organização do Estado. É a pura e dura realidade. Hoje, quem tem segurança para investir em atividade rural?
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Recoop limitado
Pelo menos 60 cooperativas que se habilitaram ao programa de saneamento financeiro, o Recoop, não puderam quitar as dívidas com a Previdência Social, condição para receber o recurso do programa. Assim, a Previdência Social está deixando de receber cerca de R$ 200 milhões devidos pelas cooperativas. O mais surpreendente é o motivo que impede essa operação. O Tesouro Nacional não encontrou a forma para fazer o repasse à Previdência Social, informa o assessor parlamentar da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Valdir Colatto.
Uma das cooperativas que encaminharam à Procuradoria Geral da Fazenda, em Brasília, solicitação para usar o Recoop no financiamento de débitos previdenciários, enquadrados no Programa de Recuperação, a Cotrimaio, até agora não recebeu qualquer sinal de que pode recorrer a esse instrumento legal para equacionar seus problemas. Essa é a situação de dezenas de cooperativas que pretendem usar o mesmo caminho para resolver seus problemas referentes aos débitos previdenciários, mas também a outros compromissos.
O advogado da Cotrimaio, Alceu Georgi, ao mostrar a viabilidade legal da operação para liquidar débitos previdenciários enquadrados no Refis, com recursos oriundos do Recoop, justificou as razões que motivaram a cooperativa gaúcha a recorrer a essa alternativa. Disse ele que todos os demais requisitos estavam plenamente atendidos, em relação à documentação exigida nesses casos. O representante do governo do Estado do Rio Grande do Sul em Brasília, José Pinto da Mota Filho, decidiu apoiar politicamente as reivindicações das cooperativas gaúchas. Encaminhou aos ministérios da Fazenda e da Agricultura solicitação para que seja dada, rapidamente, solução para esses pleitos, bem como para a liberação de verba federal que será aplicada no programa estadual do leite, que será desenvolvido com a parceria de cooperativas de produção desse setor importante da economia gaúcha.
JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10
Preocupações de Genoíno
No 15º Encontro Estadual do PT em Serra Negra (SP), foi confirmada a candidatura do deputado José Genoíno ao governo do principal Estado da federação, coligado ao PSB, PDT, PC do B, PMN (ainda negocia com PPS e PV, fora o possível apoio do PMDB paulista). O vice-governador deverá vir dos quadros do PSB e uma vaga do Senado ficará para os aliados. A outra será do deputado Aloizio Mercadante .
Apesar de a homologação da candidatura de Genoíno ser o assunto do encontro, o senador Eduardo Suplicy roubou a cena. Num discurso inflamado, que durou cerca de 20 minutos, Suplicy pediu aos 1,2 mil delegados do encontro que respondessem mais tarde à consulta sobre sua participação na seleção. Uma salva de palmas calorosa de muitos dos militantes foi a resposta.
Genoíno está preocupado com dois obstáculos em sua campanha: o desempenho da prefeita Marta Suplicy e as denúncias contra o PT gaúcho, que tiveram grande repercussão na imprensa de São Paulo.
PTB se reúne sem Zambiasi
Em viagem à China em missão oficial do Estado, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi, foi citado em todos os pronunciamentos durante convenção estadual do PTB em Tramandaí. Reconduzido para a vice-presidência, o superintendente-geral da Assembléia, Cláudip Manfrói, destacou em sua fala que Zambiasi, em 10 meses no cargo, cumpriu todas as metas traçadas em seu discurso de posse. Garantiu que até o final do ano o Poder estará adaptado à Lei de Responsabialidade Fiscal, com uma redução de gastos de R$ 6 milhões.
PMDB pode acabar
O PMDB vai acabar, se não tiver candidato à Presidência . A afirmação foi feita na manhã de sábado em Florianópolis pelo governador Itamar Franco. Em torno dele, os peemedebistas catarinenses lotaram as galerias da Assembléia para mais uma mobilização pró-candidatura própria e pela restituição do antigo colégio eleitoral que participará das prévias do partido.
Mesmo se vencer as prévias, inicialmente marcadas para 20 de janeiro e agora ameaçadas de adiamento para março, Itamar sabe que será traído e admite que o PMDB deve chegar rachado às eleições de 2002. Porém, advertiu, “a traição é uma via de mão dupla”.
O discurso inflamado de Itamar e das principais lideranças empolgaram a platéia peemedebista catarinense, que não admite a hipótese de ver o partido, outra vez, atrelado ao Planalto.
Simon nada teme
O senador Pedro Simon participou ontem do encerramento da convenção estadual da Juventude do PMDB, que reuniu 1,6 mil pessoas no Centreventos Cau Hansen, em Joinville, e reiterou mais uma vez a disposição de disputar as prévias. Segundo Simon, a disputa interna não deverá provocar um racha na sigla.
– Nós temos pensamentos parecidos, nos identificamos. Por isso, não vejo hipótese de ocorrer uma divisão – disse.
Simon defende a participação de todo o colégio eleitoral nas prévias do dia 20 de janeiro, mesmo que para isso o processo tenha que ser transferido para março.
Festa de Marta para o namorado reúne notáveis do PT
Da cúpula petista, só faltou o senador Eduardo Suplicy. Cerca de cem pessoas, entre elas o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, compareceram na noite de sábado à festa do aniversário de 52 anos do franco-argentino Luis Favre, namorado da prefeita Marta Suplicy (PT), de 56.
Presentes empresários, como o presidente da Gradiente, Eugênio Staub.
Na saída da recepção, por volta das 3 horas de domingo, alguns convidados comentaram entre si estarem surpresos, pois, no começo, achavam que a festa “não ia pegar”. Não é para menos. Ao avistarem os repórteres na porta da casa, todos procuravam adotar a maior discrição possível. Afinal, ninguém queria cometer deslizes. A festa era praticamente uma oficialização do namoro da prefeita com o assessor, cujo relacionamento é polêmico dentro do próprio PT.
Perguntados pelos repórteres sobre sua presença na festa, a maioria não saía do chavão “Favre-é-meu-amigo-de-militância-política”. Assim foi o deputado Mercadante e alguns vereadores.
Outros sorriam quando indagados se Marta dançou com Favre a música Only You, tocada após uma versão em inglês do Parabéns a Você, por volta de meia-noite e meia. O líder do governo na Câmara, José Mentor (PT), usou a mesma agilidade diária para defender o governo.
– Todos dançaram – esquivou-se.
Mas, segundo apurou a Agência Estado, dançaram sim, e chegaram a trocar beijos discretos.
Marta era só sorrisos. Vestida em um macacão preto, escoltou pessoalmente até a porta várias pessoas, como Lula e sua mulher, Marisa. Lá dentro, uma pista de dança ficou à disposição dos convidados, que dançaram uma seleção musical alternando sucessos dos Beatles, Rita Pavone e Tim Maia.
Falou-se em política, claro. Lula conversou bastante com o secretário municipal das Finanças, João Sayad.
Ex-marido – Longe disso tudo, o ex-marido de Marta cumpria um compromisso em Embu, na Grande São Paulo.
– Não posso dizer nada pois não estava lá – disse Suplicy, mesmo assim, desejando boa sorte à ex-mulher.
– Gosto muito da Marta e quero que ela seja muito feliz.
Salgadinhos para a imprensa
Um dos pontos altos da festa, para quem ficou do lado de fora, foi quando o aniversariante saiu na calçada com uma bandeja de refrigerantes para a imprensa. O mimo foi como uma bandeira branca, já que, um dia antes, Favre tinha reagido mal às perguntas sobre a festa. Sorridente, Favre disse que estava contente porque tinha muitos amigos.
– O recebimento (receptividade) dos brasileiros é maravilhoso – disse Favre, em bom portunhol.
O namorado de Marta trajava calça preta e camisa cinza.
Um garçon disse aos jornalistas que Favre havia ido à cozinha da casa e pedido que fosse preparada uma bandeja com refrigerantes e salgadinhos para os jornalistas e que ele mesmo fazia questão de levar.
Poodles e política no Parcão
Na meca das esquerdas no globo terrestre, a caminhada pela prosperidade no dia do capitalismo deve ganhar projeção entre as manifestações realizadas ontem em mais de uma centena de países.
A promoção em Porto Alegre teve o endosso do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que em abril promove a 15ª edição do Fórum da Liberdade, dois meses depois da realização pela esquerda da segunda edição do Fórum Social Mundial.
O domínio da esquerda na capital dos gaúchos fez a direita sair da toca.
Editorial
O temor da inflação
Ante as evidências de que a inflação começa a ultrapassar os rígidos limites fixados pelo governo, o Banco Central praticamente eliminou qualquer expectativa de uma ambicionada queda na taxa de juros básica. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deixa claro que, diante de pressões como as exercidas pelas tarifas públicas, incluindo a previsão de um reajuste de 30% na energia para 2002, o custo do dinheiro será mantido nos níveis proibitivos em que se encontra. Maior conquista econômica dos brasileiros em anos recentes, o controle sobre a inflação é inegociável. O ônus que a preservação da estabilidade impõe às contas públicas, ao setor produtivo e aos consumidores de maneira geral, porém, mostra-se insuportável num horizonte de prazo mais longo.
Seria inimaginável que um país como o Brasil, com o grau de fragilidade financeira e de dependência de poupança externa num momento de escassez de investimentos internacionais, pudesse ficar incólume a pressões como as atuais. A recessão confirmada nos Estados Unidos e a caminho em países como Alemanha e Japão, a insolvência argentina e dificuldades internas como o racionamento de energia impactam em maior ou menor grau o desempenho da atividade econômica. Nesse cenário de incertezas sobre a intensidade e a durabilidade das circunstâncias adversas, a taxa de juros elevada transforma-se num aliado perverso do qual o Banco Central não consegue abrir mão, por falta de uma alternativa de eficácia equivalente.
O país arca com uma taxa de risco em nível injustificável no Exterior e impõe um ônus insuportável para a população
Independentemente das razões , o fato é que o país arca com uma taxa de risco em níveis injustificáveis no Exterior e transfere um ônus insuportável para a população. A insistência na manutenção da taxa básica em 19% fez com que, em outubro, os percentuais médios cobrados pelas instituições financeiras alcançassem 65,8% ao ano – o equivalente a 4,3% ao mês –, enquanto o custo médio de operações como a de cheques especiais ficou em torno de 160,29% anuais. Dados da própria autoridade financeira revelam que, no período, a diferença entre as taxas cobradas dos clientes e aquelas que os bancos pagam para captar dinheiro é a mais elevada dos últimos dois anos.
A constatação revela que o Brasil conseguiu conter a inflação a níveis civilizados, mas não consegue se livrar de um fardo pesado demais como o de juros. Em conseqüência, a condição de recordista mundial em custo do dinheiro favorece um ambiente que privilegia a especulação em detrimento do setor produtivo. Trata-se de uma situação que, mesmo num cenário adverso desfavorável, o país não pode demorar demais para enfrentar, de forma serena e responsável. Custo do dinheiro tem um limite acima do qual acaba se tornando insuportável. É preciso, portanto, perseguir as condições que permitam reaproximá-lo dos níveis de inflação, permitindo uma folga na dívida pública, a retomada do consumo, da produção e do emprego.
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12/03/2001
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