Ensino a distância pode ampliar inclusão de pessoas com deficiência



De acordo com estimativa apresentada pelo ex-ministro da Educação Carlos Chiarelli, há no Brasil cerca de 28 milhões de pessoas com deficiência. Nesse contexto, o ensino a distância representaria um instrumento fundamental para a inclusão social dessas pessoas - pois lhes permite não apenas o acesso à educação, mas também ao mercado de trabalho. Essa foi uma das principais avaliações feitas nesta quarta (16) durante audiência pública realizada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado (CE).

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- O ensino a distância oferece 'tecnologias assistivas' de que os cursos regulares não dispõem. Isso melhora as condições de acesso à educação - ressaltou Andréa Koppe, presidente da Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), entidade sediada em Curitiba que tem entre seus objetivos a inclusão dos deficientes no mercado de trabalho.

As tecnologias assistivas se referem a serviços, equipamentos e práticas (entre outros meios) que visam facilitar a vida das pessoas com deficiência. Essas tecnologias vão desde bengalas e cadeiras de rodas até - como é o caso do ensino a distância - equipamentos eletrônicos e programas de computador especializados.

- Mas a educação a distância ainda é mal compreendida e subestimada, inclusive porque, inicialmente, foi muito mal utilizada - disse Andréa Koppe.

Para a presidente da Unilehu, o ensino a distância é capaz de qualificar não apenas os deficientes, mas a população em geral, "desde que acompanhado de tutorias, videoaulas e sistemas de certificação corretos".

- É uma ferramenta de inclusão - reiterou ela.

Dificuldades e evasão

O ex-ministro da Educação Carlos Chiarelli apontou as dificuldades que os deficientes enfrentam para participar das aulas presenciais - e acompanhá-las da mesma forma que os outros alunos. Ele ressaltou que, mesmo em escolas consideradas inclusivas (que estariam habilitadas a educar tanto as crianças sem deficiência como as portadoras), há um alto índice de evasão escolar, que estaria acima de 50%, por parte dos alunos portadores.

- E a evasão acontece não porque eles não queiram estudar, mas porque [mesmo nas escolas inclusivas] se sentem excluídos - afirmou ele, que atualmente é presidente da Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância.

Ao defender essa solução, Chiarelli disse que os avanços tecnológicos permitem ao ensino a distância se adaptar às necessidades específicas dos deficientes, "fazendo com que eles aprendam com muito mais rapidez".

- É uma metodologia muito mais abrangente em termos de quantidade, sem que haja perda de qualidade - opina.

Chiarelli observou ainda que os alunos portadores de deficiências "são geralmente adultos e, por isso, são mais disciplinados e têm a vontade de aprender".

A audiência foi solicitada pelos senadores Flávio Arns (PSDB-PR), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG). Também participaram da reunião os senadores Augusto Botelho (PT-RR) e José Nery (PSOL-PA).

Ricardo Koiti Koshimizu / Agência Senado

16/06/2010

Agência Senado


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