Entrevista coletiva do governador Mário Covas



Última parte - Entrevista foi concedida após lançamento do novo sistema de licenciamento e transferência de veículos no Detran

Última parte Valor do investimento Pergunta: O senhor tem noção de quanto o governo investiu desde o processo de informatização do Detran? Covas: Não tenho não. Pelo menos de cabeça não tenho não. Em quanto ficou esta mudança aqui? Clóvis Panzzarini: R$ 70 mil, a consultoria para o desenvolvimento do projeto. Pergunta: O resto foi trabalho do pessoal do governo... Covas: A nossa assessoria envolveu o pessoal da USP, custou R$ 70 mil. Em matéria de equipamento, já existia. O equipamento do banco, o próprio banco tem interesse em mantê-lo. Não vão comprar computador para isso. Pergunta: Tem estimativa de quanto o governo perdia? Covas: Não tenho a menor idéia. É difícil dizer quanto perdia. Para isso precisaria saber quanto foi fraudado. E isso não há registro. Pergunta: Mas é esperado um aumento da arrecadação... Covas: É possível que, com a arrecadação a gente possa...não creio que seja um fato presente, com esta dimensão... Pergunta: (inaudível) o desbloqueio não implicava no sumiço da multa. Simplesmente a multa remanescia no sistema. Covas: Se cobrava depois...O que ganhava era o adiamento do pagamento da multa, porque ao desbloquear você não fazia a multa desaparecer. Não aparecia para aquele pagamento. Quando chega no prazo de pagamento aparece de novo. E se ainda tiver desbloqueada, no pagamento seguinte, vai aparecer. Pergunta: Quem fraudou terá surpresas desagradáveis ao licenciar o veículo... Covas: Espero que sejam poucos. Pergunta: Terá demissão? Covas: Se houver alguém que possa provar algo, sem dúvida. Algo que vocês nunca publicaram, vou dizer agora: é para vocês pensarem, sobretudo agora, que estão tentando traçar um paralelo entre aquilo que no Rio de convencionou chamar de banda podre, e está sendo importado para São Paulo. No meu governo, entre 1995 e 1999, por questões disciplinares, foram demitidos 1986 policiais militares. E foram demitidos 624 policiais civis. Somando-se as duas coisas temos mais de 2.500 profissionais demitidos em cinco anos. Eles foram demitidos. Este governo tem muito interesse em saber qualquer coisa que signifique algum pecado do governo. O governador tem o maior interesse nisso. Tomaremos providências. É a tal história da CDHU. Antes desse assunto ser matéria pública, aliás foi matéria pública feita por um jornalista que escreveu sobre os 80 famosos contratos da CDHU, ninguém teve o trabalho de examinar. E eu tive. Fui buscar os 80 contratos e abri sindicância, cujo resultado tenho em mãos. Todos foram resultado de concorrências feitas no governo Fleury. Só quer dizer que a origem foi lá. Muitos dos contratos foram assinados naquele período, muitos foram assinados no meu governo. E vem a pergunta clássica: “Se estava errado, por que o Sr.assinou?”. Porque não estava errado. Foi dito errado, se apresentou uma contestação a ele, pelo Tribunal de Contas, não por ilegalidade, mas por dizer que isso não permitia uma concorrência no nível em que o Tribunal entendia, deveria pertencer. E a partir desse instante paramos de fazer contratos. Quando isso aconteceu, fui ver. Faço a defesa de quem estava lá, não é porque essas pessoas tem por mim ou tenho por elas uma relação especial. Todos que trabalham comigo são meus companheiros. Independente de terem sido nomeados por mim. É porque fui ver pessoalmente. E minha convicção pessoal eu exponho de público, não me importando se isso me dá prestígio eleitoral. Isso me garante o sono durante a noite. Pergunta: O Sr. também vai investigar pessoalmente as irregularidades nos contratos de fornecimento...(inaudível) Covas: Qual é a denúncia? Li rapidamente isso. Estava escrito que o Tribunal de Contas, cuja finalidade é apurar tudo, está verificando contratos de uma empresa, porque descobriram que o homem é meu amigo. Já era fornecedor do Estado. Faz bem o Tribunal verificar. Mas não existe nada de errado. Li que o Tribunal está verificando e vocês me perguntam como denúncia. Pergunta: Bem...irregularidade... Covas: E qual é a irregularidade? O fato de verificar? Não significa que existe irregularidade. Verificam todos os contratos. Quando é meu amigo verifica mais. É meu amigo, meu filho... Acho que é o papel do Tribunal. A máquina é muito grande e quem tiver pretensão que acaba com qualquer forma de corrupção, está avançando o sinal. O bom governo é o que tomando conhecimento, toma providência. Não é aquele que anuncia demagogicamente que acabou com a corrupção. É uma máquina de quase 750 mil pessoas, mais 250 mil aposentados. O governo é intrinsicamente sério, como há muito São Paulo não tinha. Quando se governa depois de Maluf, Quércia e Fleury não é muito difícil ser mais sério. Ninguém tem que transferir a São Paulo o que aconteceu recentemente no Rio. Aqui não tem banda podre. Todos os policiais que a corregedoria de polícia definiu foram sumariamente demitidos. Esses números mostram que a maioria é diferente. Ninguém compara a polícia de São Paulo com Washington. Só compara com Nova York. Pergunta: O que o Sr. achou da matéria da Isto É que cita vereadores governistas que receberiam mesada da Prefeitura e da opisição? Covas: Achei uma coisa engraçada. No congresso me trouxeram o trecho onde estava isso. Os vereadores do PSDB, apareceram quatro nomes. Do PT, só foi citado como sendo do PT. Deve ser mera coincidência. A revista é do Quércia...Se fizeram isso, têm que ser punidos, como outro qualquer. Estou considerando um fato. Está lá dito que o vereador tal distribuiu

04/03/2000


Artigos Relacionados


Entrevista coletiva do governador Mário Covas

Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas

Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas

Trechos da entrevista coletiva do governador Mário Covas

Íntegra da entrevista coletiva do governador Mário Covas

Entrevista coletiva do governador Mário Covas no Palácio da Justiça