Entrevista coletiva do governador Mário Covas após inauguração do Hospital de Diadema



Única Parte

Única Parte Repórter: Pergunta sobre os hospitais inaugurados. Covas: Quando eu assumi, haviam 14 esqueletos de hospitais na Grande São Paulo... (inaudível) mas o pior é que grande parte já tinha 10%, 15%, 20% feito. Ou seja, o povo gastou o dinheiro e não se usava isso. Nós não fizemos nenhum novo, nós ampliamos alguns existentes e o que fizemos foi terminar o que estava no meio do caminho. Repórter: O senhor falou em esqueletos, agora, com relação ao esqueleto da Doutor Arnaldo, que o senhor falou em seu discurso. Há intenção do Governo do Estado também de dar sequência? Covas: Depende. Eu primeiro preciso de uma concordância entre o pessoal da Faculdade de Medicina e a Secretaria. Quando estiver definido o que é que se pretende fazer lá dentro, então a gente pode pensar em fazer ou não. Segunda etapa, a gente precisa fazer projeto, que não tem. E esse projeto vai ter que ser feito em decorrência desse acordo. Em terceiro lugar, a gente vai ter que resolver um problema jurídico. Você tem um contrato que ainda não terminou e que não dá o dinheiro para terminar a obra e que inclusive já teve 25% de acréscimo. Bom, tudo isso resolvido, equacionado, você vai ter que verificar onde vai buscar os recursos. É possível que a gente consiga fazer com o Governo Federal algum tipo de combinação, talvez entrando com a metade e ele entra com a metade, ou qualquer coisa desse tipo. Não sei. Mas a preliminar das preliminares é saber o que vai se fazer lá dentro. Isso é uma coisa que a Secretaria está tratando com o Conselho do Hospital das Clínicas, o pessoal da Faculdade de Medicina, para saber o que vai se fazer lá dentro. Repórter: Governador, o ministro Serra disse em entrevista que ele está liberando dentistas para trabalhar no Qualis. O que o senhor acha disso? Covas: Tudo bem. Pôr dentista, médico, enfermeira, fisioterapeuta, etc., é tudo uma questão de custo. Eu acho que o Qualis é perfeitamente satisfatório com o que ele tem hoje, com médico, enfermeiro, etc. O dentista não pode andar com seu equipamento de casa em casa. É possível que a pessoa vá no lugar onde está o dentista, portanto já exige uma instalação fixa. Não é como o médico. O médico pode sair dali do pequeno lugar de concentração e ir à casa do doente. Mas o dentista não pode. Ele não cuida se não tiver aquela cadeira para a pessoa sentar e ele não pode carregar aquilo com ele. Então, é uma possibilidade se você tiver tudo isso disponível. Em algumas equipes nós temos o dentista. Eu já fui inaugurar várias onde você tem uma instalação maior, mais adequada e tem as equipes e tem a odontologia também. Tem atendimento da saúde bucal. Repórter: O senhor já decidiu o que o Governo paulista vai fazer em relação ao piso regional? Covas: Nosso piso regional já é maior. Nosso piso regional público. O Estado paga mais do que R$ 200 como piso salarial para os seus funcionários. Já paga há bastante tempo. Agora, o que a gente tem margem para eventualmente pensar é o que fazem na área privada. Porque na área pública o Estado já dá R$ 220. As prefeituras não têm essa mesma facilidade, não. Sobretudo prefeitura pequena porque prefeitura pequena, tem muita gente de salário mínimo. Mas o Estado já tem um padrão que é superior. Nosso padrão hoje é R$ 250 como piso salarial. Ninguém recebe menos do que isso. Repórter: Mas o senhor pensa em encaminhar alguma proposta para avaliação da Assembléia Legislativa para alterar piso regional? Covas: Você diz na área privada? Repórter: É. Covas: Eu tenho a impressão que até o final desse ano alguma coisa inclusive a nível Federal acontecerá. E eu acho que o razoável é que a gente faça tudo isso em conjunto. Que a gente tente fazer uma avaliação, que não precisa ser necessariamente do mesmo valor, mas que seja pelo menos do mesmo tempo. Agora, quanto a área pública, essa nós já estamos bem acima do piso salarial. Repórter: Na semana passada o presidente Fernando Henrique cobrou esses pisos regionais, que parece que nenhum Estado está usando esse piso regional. Covas: O Estado usou sua prerrogativa para os seus funcionários. Na área Federal me parece que o que ele reclama é para os funcionários. Repórter: No caso das pequenas prefeituras o senhor avalia que não daria muito certo essa questão? Covas: Não é que não daria muito certo, teriam dificuldade para atender porque eles têm muita gente com salário mínimo. Então, para eles, uma variação de piso é uma variação que tem uma grande influência no pagamento. E depois você tem outras coisas que você tem que obedecer. Você não pode gastar mais de 60% com o pessoal. De qualquer maneira esse problema nunca afligiu, nem desde que nós assumimos. Quando nós assumimos nós aumentamos o piso salarial e hoje ele está bem acima mesmo do que se pede, ou pelo menos do que se discute. Agora, eu acho que é possível a gente fazer uma negociação até na área privada. Mas o ideal seria que você tivesse uma negociação senão igual para todos os Estados, mas pelo menos concomitante para todos os Estados, no mesmo instante. Repórter: Nessa madrugada, um PM que trabalha na Corregedoria, em São Paulo, praticou um duplo assassinato aqui em Diadema. O senhor acha que isso é um problema isolado ou é um problema maior da corporação? Covas: Não é isolado a ponto de se dizer que nunca aconteceu. No meu Governo nós já botamos mais de dois mil policiais na rua. Nem todos por assassinato, mas por alguma forma de prevaricação para qual correspondeu um processo dentro da baliza legal. Nós já demitimos mais de dois mil policiais, agora, nem todos por crime de morte. Não sei o que você está falando a que se deve, mas é inevitável, o processo se inicia agora. É que você tem regras. Se você mandar alguém embora e não obedecer os parâmetros de natureza legal, daqui a pouco ele vai na Justiça, volta e você ainda tem que pagar o que deixou de ganhar nesse período. Repórter: O senhor acredita que esses exames psicológicos que vão ser implementados vão ajudar nesse tipo de coisa? Covas: Lógico que vai ajudar. Até o exame de drogas vai ajudar. Eu não vejo porque as pessoas reclamam disso. Eu acho que isso é uma coisa que todo mundo devia fazer, até porque não tem como objetivo dizer que quem se droga não pode trabalhar. Pode, precisa é ser tratado. Não pode é trabalhar drogado. Mas pode trabalhar tratado, pode se curar, ué. Não tem nenhum problema para isso. O objetivo não é perseguir ninguém, o objetivo é fazer com que o povo possa ser atendido de uma forma que ele tem o direito de ser atendido. Repórter: Qual é a importância da inauguração desse hospital para o Estado? Covas: O hospital é uma instituição de saúde significativa. A principal importância é que se tomar uma região metropolitana como uma área comum à cidade de São Paulo, quanto mais você afasta do centro de São Paulo, menor o número de leitos por habitante. Na região central de São Paulo você até tem números superiores ao que pede a Organização Mundial de Saúde. Na medida que você vai se afastando, isso diminiu. Por isso se você tratar da Região Metropolitana concomitantemente com São Paulo, São Paulo tem quase 50 distritos ou mais do que isso que ainda não tem um leito hospitalar. Estivemos conversando com o Adib Jatene, pensando na hipótese de se fazer pequenos hospitais de 50 leitos de tal maneira que todos os distritos pudessem ter uma atenção. É evidente que isso exige uma distribuição racional porque o pequeno hospital depende do grande hospital para certos tratamentos. Ele funciona na base da intermediação. Mas há muita coisa que você pode tratar no pequeno hospital. E 50 leitos seria um hospital que com um milhão e meio você faz. Esse (o de Diadema) é um hospital que com equipamento custa R$ 40 milhões. Então é talvez uma alternativa para você redistribuir o atendimento de forma mais adequada. Repórter: Quais são os próximos hospitais a serem inaugurados? Covas: Em março nós inauguramos a primeira parte do Hospital de Santo André, que é um hospital grande de 350 leitos. E um ano depois nós inauguramos a totalidade do hospital. Em setembro do ano que vem, nós inauguramos do de Vila Alpina. E em 2001, nós inauguramos o de Sapopemba. Todos eles estão sendo feitos, estão em fase de construção. E aí nós terminamos todos os que estavam parados no meio do caminho. Repórter: Qual o número total de leitos? Covas: Isso vai dar 5.300 leitos. Repórter: Governador, quantos leitos foram feitos nos quatro governos anteriores ao seu? Covas: Foram cerca de 2.400. Zero do Maluf. O Maluf é competente, fez zero leitos de hospital, zero. Depois a soma do Montoro, do Quércia e do Fleury dá cerca de 2.400 leitos. O que nós já entregamos é praticamente o dobro e que entregamos até o ano que vem é bem mais do que o dobro. Repórter: Há previsão de novas parcerias como essa aqui na região em outros hospitais, como o de Santo André? Covas: Todos os dez que nós inauguramos são assim. Santo André também. É uma instituição lá de Santo André mesmo, é uma fundação. Repórter: Da Faculdade de Medicina? Covas: É isso mesmo. Pelo menos é o que estava sendo tratado no começo. Em geral as fundações de faculdade têm um duplo interesse. O nosso fica com o atendimento e o deles porque é um lugar que é um hospital escola. Quer dizer, para uma faculdade como a Escola Paulista de Medicina ter o hospital é bom. Os alunos vem praticar aqui, vem aprender aqui. Assim é a Unisa, no Hospital de Grajaú. Nem sempre é assim. Não é obrigatório. Em Itapecerica é feito por um sindicado, aliás, por dois sindicatos: o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e o Sindicato dos Empresários da Construção Civil. Na Zona Leste tem dois que são da Santa Marcelina; o de Pedreira é Santa Catarina; Sanatorinhos faz Carapicuíba e Itapevi. Repórter: O senhor acha que a melhoria da saúde está nisso, na parceria com as universidades? O senhor acha que o caminho é esse? Covas: Ah, eu não vejo outro, primeiro porque a gente condicionou algumas coisas. Primeiro, todo mundo é atendido. Não tem esse negócio de destinar 10%, 20%, quem vier, atende. Em segundo lugar, porque a gente sabe que o SUS não remunera tudo. Então a gente tem um contrato de gestão pelo qual nós pagamos a diferença entre aquilo que o SUS dá e aquilo que custa. Para a entidade não é uma coisa ruim e por outro lado todo povo é atendido. Nós limitamos isso a generalização. Quer dizer, quem vier é atendido. O SUS é único. Com isso se resolve um problema, que é o da rotatividade. No hospital a rotatividade é muito grande, o número de funcionários é grande. Esse hospital deve ter mais de mil pessoas trabalhando. E a rotatividade é muito grande. Então, quando é emprego público, você tem muita dificuldade de substituir quando alguém vai embora. Você tem que fazer concurso. Quando acaba o concurso, já está faltando de outra categoria. Enquanto com as entidades é muito mais fácil porque eles não têm essa ressalva. Eles podem contratar e substituir com vantagem. Repórter: O senhor vai receber agora o deputado Arnaldo Madeira e o Ministro Aloysio Nunes Ferreira. Tem algum tema especial nesse encontro? Covas: Não, não. O Aloysio vai passar aqui por São Paulo e quis me visitar. Eu até que gostaria que e

10/26/2000


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