Especialistas: energia paga no Brasil está entre as mais caras do mundo



A energia paga por consumidores residenciais no Brasil já está entre as mais caras do mundo. A informação foi dada na reunião da comissão mista que estuda propostas para a crise energética por cinco especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o professor Ildo Sauer, da USP, o aumento médio das tarifas de energia elétrica entre 1995 e 2001 foi 85% acima da inflação medida pela Fipe e novos reajustes já estão programados. Até 2003, disse, segundo o modelo de privatização, a previsão é que as tarifas dobrem, o que acarretaria grande transferência de recursos do setor produtivo e de consumidores residenciais para o setor energético. Ele afirmou ainda que, se a política tarifária atual tivesse sido adotada em 1994, teria aumentado o faturamento do setor em R$ 6 bilhões por ano, que poderiam ter sido reinvestidos na ampliação da oferta de energia.

Os professores da UFRJ Maurício Tolmasquim e Luiz Pinguelli Rosa destacaram que o custo da energia elétrica para residências no Brasil é mais cara que no Canadá, França e em muitos estados americanos, em decorrência dos aumentos que ocorreram na década de 90 para viabilizar a privatização das distribuidoras e investimentos na geração de energia termelétrica.

Já o professor Adilson Oliveira, também da UFRJ, disse que seria viável que o Brasil mantivesse sua vantagem comparativa de oferecer energia mais barata caso o modelo para o setor fosse outro. Ele lamentou que em vez de uma vantagem, o preço da energia tem representado mais um item do Custo Brasil.

Pinguelli considera "intolerável" que o consumidor residencial seja ameaçado de corte. "Essa é uma violência que precisa ser corrigida", disse. Ele também condenou a possibilidade de as concessionárias serem ressarcidas de possíveis prejuízos. "A companhia elétrica não pode ganhar dinheiro com a catástrofe da crise", afirmou.

Adilson Oliveira sugeriu a criação de câmaras setoriais para que o governo negocie cortes com as empresas e, em vez de fazer com que o consumidor residencial tenha que arcar com a crise, o aumento tarifário deveria recair sobre o mercado atacadista, principalmente sobre setores como a indústria de alumínio, que compram energia a baixo custo. No mesmo sentido, Ildo Sauer sugeriu que seja negociada a redução do consumo das indústrias de alumínio. "O perdulário foi premiado e aquele que já tinha adotado medidas de economia foi penalizado", criticou.

21/06/2001

Agência Senado


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