Especialistas investigam primatas ameaçados no Maranhão



Um grande grupo de especialistas e analistas ambientais foi montado para avaliar primatas ameaçados da Reserva Biológica Gurupi (Rebio), no Maranhão. A expedição será entre os dias 8 a 17 de outubro e será coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com o coordenador do CPB, Leandro Jerusalinsky, os objetivos centrais da expedição, que integra as ações do projeto Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia (Puca), são: especificar e detalhar a diversidade de primatas presentes na Rebio Gurupi; fazer um diagnóstico preliminar de seu estado de conservação e identificação de ameaças e iniciar um estudo sobre abundância populacional dos primatas na unidade.

"Temos especial interesse nesta unidade e a selecionamos para realização da única expedição conjunta do Puca em 2013, por ser a única unidade de conservação de proteção integral na Amazônia que abriga duas espécies de primatas classificadas como Criticamente em Perigo de Extinção: o cuxiú-preto (Chiropotes satanas) e o caiarara-Kaapor (Cebus kaapori). Este caiarara está, inclusive, listado como um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo pelo Grupo Especialista em Primatas da União Internacional para a Conservação da Natureza e pela Sociedade Internacional de Primatologia”, explica Leandro.

Com os dados coletados na expedição, o CPB, espera gerar informações para qualificar a avaliação do estado de conservação dessas espécies, especialmente no que se refere aos tamanhos populacionais remanescentes e caracterização das ameaças, além de fornecer subsídios para elaboração de um Plano de Ação voltado à sua conservação.

Além disso, o inventário contribuirá com informações para qualificar a proteção e o manejo da Unidade de Conservação, especialmente no que se refere a medidas para a conservação dos primatas que ali vivem.

Ameaças

Os desmatamentos ilegais representam a principal ameaça ao cuxiú-preto e ao caiarara-Kaapor, pois geram a perda e fragmentação de seus hábitats. Isto ocorre ao longo da distribuição destes primatas e o mais grave é que estudos anteriores demonstram que estas espécies têm baixa tolerância, mesmo a níveis mais leves de perturbação ambiental, como o corte seletivo.

Recentemente, na região da Rebio Gurupi, o Ibama fechou mais de 20 serrarias e apreendeu mais de 3 mil m³ de madeira, o suficiente para encher mais de 150 caminhões. "Nessa região também há conflitos territoriais com terras indígenas e assentamentos rurais, além de plantio de entorpecentes e tráfico de animais silvestres", afirma o chefe da unidade, Evane Lisboa. 

A Rebio foi criada em 1988 com um tamanho calculado em cerca de 340 mil hectares, atualmente corrigido para 270 mil e existem pressões de alguns setores para que seja reduzida para menos de 150 mil hectares ou até completamente extinta.

Primatas

O projeto Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia surgiu a partir da proposta do CPB de estabelecer uma rede de analistas ambientais do ICMBio com formação acadêmica e experiência profissional em primatologia. Em dezembro de 2009, este grupo reuniu-se em Manaus (AM) para estruturar sua linha de atuação e elaborar uma proposta de trabalho já para o ano seguinte, data do desenvolvimento ininterrupto das atividades.

O objetivo central do Puca é gerar informações sobre primatas e seus habitats, por meio da pesquisa científica especializada, para subsidiar os diversos processos institucionais do ICMBio, tais como: criação e manejo de UC; avaliação do estado de conservação de espécies; elaboração e implementação de Planos de Ação Nacionais para a conservação de espécies ameaçadas de extinção e avaliação de impactos ambientais.

Neste sentido, têm sido coletados dados sobre os primatas nas UC em que os analistas envolvidos estão lotados e realizadas expedições conjuntas da equipe do projeto nas unidades de especial interesse para a instituição, seja por abrigarem espécies altamente ameaçadas ou por serem alvo de relevantes impactos ambientais.

A expectativa é que a equipe do Puca consiga difundir técnicas e métodos para levantamentos de dados que possam ser utilizados por outros colegas nas diversas UC da Amazônia. Neste sentido, a equipe do projeto elaborou e publicou em 2012 a cartilha "Protocolos para Coleta de Dados sobre Primatas em Unidades de Conservação da Amazônia".

Fonte:
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade



03/10/2013 18:46


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